sexta-feira, 28 de julho de 2017

Grande descoberta!

Por FERNANDO MELO
(Dedico este artigo ao Mestre Herbert Carvalho)

Duchamp pelos idos de 1920
Posso dizer que hoje estou feliz, muito feliz, bastante feliz! Descobri algo que é fundamental nas minhas pesquisas ficherianas. Vocês sabem que  gosto de literatura, de artes plásticas, de música clássica, e quando encontro uma expressão da força e do prestígio de um Marcel Duchamp (1887-1968 - e que nasceu há exatos 130 anos), declarar seu amor ao xadrez, fico a imaginar a felicidade de Caíssa em ter ao seu lado tão ilustre companhia, desse francês, que foi pintor, escultor. escritor e jogador de xadrez. 

"Duchamp é comumente considerado, junto com Pablo Picasso e Henri Matisse, como um dos três artistas que ajudaram a definir os desenvolvimentos revolucionários nas artes plásticas, nas primeiras décadas do século XX e século XXI."

Duchamp! Sim, conheço um pouco de sua trajetória, mas hoje fiz uma descoberta especial, bem especial! Abro meu coração para o leitor e digo que fico até emocionado ao escrever esse artigo. O que vou informar logo em seguida, vem a somar-se a tudo aquilo que venho dizendo ao longo da minha vida em favor de Bobby Fischer, ou seja, todo enxadrista que se preza, que ama verdadeiramente o xadrez, tem uma dívida de gratidão para com Bobby Fischer, pois foi ele quem deu dignidade ao xadrez.  

Quando Duchamp morreu, Fischer ainda não era campeão do mundo. Viria a ser, quatro anos depois. Eu fico aqui tentando descobrir em que ano Duchamp disse isso: "Se Bobby Fischer me consultasse, eu certamente não o desencorajaria - como se alguém pudesse - mas eu tentaria deixar claro que ele nunca terá dinheiro com xadrez. Viva uma existência semelhante a um monge e conheça mais rejeição do que qualquer outro artista já teve lutando para ser conhecido e aceito"

Percebo nessas palavras finais de Duchamp, um desabafo. Na verdade, ele amava o xadrez e desde os anos 30 do século passado, tratava esse jogo com muita responsabilidade, escrevendo colunas  em jornais semanais e participando de torneios. 
Vejamos agora o ponto crítico desse mundo duchamperiano. Enquanto seus contemporâneos (artistas plásticos como ele) alcançavam um sucesso espetacular no mundo da arte, vendendo suas obras para colecionadores da alta sociedade. Duchamp observava:

"Eu ainda sou vítima de xadrez. Tem toda a beleza da arte - e muito mais. Não pode ser comercializado. O xadrez é muito mais puro do que a arte em sua posição social".

Se pararmos para pensar, podemos facilmente perceber que depois de 1972, o xadrez passou por uma transformação altamente positiva, diria mesmo revolucionária, única em sua historia, graças aos feitos de Bobby Fischer naquele inicio de década, dentro e fora do tabuleiro. Por isso e só por isso, Kasparov, Anand, Carlsen são hoje milionários e são reconhecidos em todo mundo. Essa dívida de gratidão eles também têm para com Bobby Fischer.

E para não me alongar, pois já estou plenamente satisfeito com o que queria provar sobre essa grande descoberta, encerro com Duchamp dizendo:

"Cheguei à conclusão pessoal de que, enquanto todos os artistas não são jogadores de xadrez, todos os jogadores de xadrez são artistas."

2 comentários:

  1. Parabéns, Fernando! Impossível dissociar a arte do xadrez. Esse achado de Duchamp reforça tal intuição.

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