quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Até o fim dos tempos!

Por FERNANDO MELO
(Dedico este artigo ao Mestre Eny Moura)

Kotov (1913-1981)
Dizem que ele é hoje lembrado pelo seu Think Like Grandmaster, um dos livros de xadrez mais vendidos de todos os tempos.  Respeito quem assim pensa, mas prefiro lembrar do GM Alexander Kotov pelo que ele fez na sua partida contra Yuri Averbakh, no Torneio de Candidatos de Zurique 1953.

Gostaria muito que o leitor visse essa partida. Jogando com as negras, Kotov brilhou com um sacrifício de dama que perdurará até o fim dos tempos! Como se não bastasse, nesse mesmo torneio, Kotov vence para Smyslov (que ganhou o troneio), sendo que esta foi a única derrota de Smyslov. Dois dias depois, Kotov volta a vencer, desta feita para o seu rival mais tenaz, o norte-americano Samuel Reshevsky. 

Kotov era um escritor nato, não só sobre xadrez, a literatura e peças para teatro faziam parte do seu curriculum. Portanto, um intelectual de reputação especial.

Mas tem uma passagem na vida de Kotov que gostaria de deixar aqui registrada. Na sua partida contra o austríaco Hans Lambert, no torneio de Londres 1978, aconteceu algo digno de nota. E é o que vamos saber agora, mas se faz necessário armar o tabuleiro com a seguinte posição:

Kotov - Lambert
Brancas: Rf1, Tg6. Tf6, g5, c3, b2, a4
Negras: Re7, Te8, Be3, g4, f3, e4, a6.

Lambert, que havia proposto empate, temia perder o peão de e4, após a troca de torres. Mas Kotov não quis conversa e jogou 1.Te6+. Desgraçadamente, Lambert abandonou. O lance de Kotov foi perdedor e seu adversário simplesmente não viu a variante que segue:
1. ...Rd7 2.Txe8 g3!! 3.Txe4 g2+ 4.Re1 g1+D mate. 




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