terça-feira, 16 de maio de 2017

De olho no peão!

Por FERNANDO MELO

Joguei ontem uma partida amistosa de 30 minutos com o mestre Genildo Gomes, treinando com ele para o torneio de Recife, em julho próximo, quando serão homenageados os saudosos Dr. Luiz Tavares e Eduardo Asfora, numa iniciativa feliz do MF Marco Asfora.

Para responder ao 1.e4, joguei a Pirc, mas com uma preocupação: como evitar aquele ataque branco na casa h6? Como era treino, evitei rocar na abertura, contrariando minha rotina. Genildo também não rocou e o meu plano de jogo foi focado no centro, sem evidentemente desprezar as duas alas. Percebi que Genildo focava sua atenção na ala da dama. De repente me ocorreu tentar ganhar o peão branco de e4, defendido pelo cavalo em c3. 

Parto do princípio de que devemos jogar com um plano, mesmo que seja débil, mas que seja um plano. Você joga com mais vontade, de forma mais prazerosa. O fato é que fiquei de olho no citado peão. E disse comigo mesmo: vou ganhar esse danado! E não é que ganhei!

Não vou mostrar a partida toda, apenas o suficiente para justificar tudo o que disse acima. Foi assim:

Genildo x Melo
Defesa Pirc

1.e4 d6 2.Cf3 Cf6 3.Cc3 g6 4.Be2 Bg7 5.d4 c6 6.Bf4 Ch5 7.Bg5 h6 8.Be3 Cf6 

Foi a partir daí que fiquei de olho no tal e4! Xadrez, até mesmo por também ser um jogo (defendo que seja mais arte), é preciso um pouco de sorte. Imagino que meu adversário não estava percebendo meu olhar faceiro para o dito cujo, ou se estava não deu muita importância, já que o tal peão estava bem defendido pelo cavalo de c3, o que é verdade. Eu tinha a tarefa hercúlea de desviar esse maldito cavalo, transformá-lo num fragilizado Rocinante, com perdão do meu amigo Don Quixote.

9.h3 b5 10.a3 Da5

Vejam que estou cercando o cavalo e, pelo menos na minha visão, estava indo muito bem até que o jogo ficou fixado na ala da dama, no que terminou ajudando no meu intento.

11.b4 Dc7 12.Dd2 a5 13.Ta2?

Respirei fundo, e disse comigo mesmo: obrigado Bobby Fischer. Tem sido assim, quando algo acontece de bom, agradeço ao mestre Fischer, sempre! Quando acontece de ruim, o que tem sido mais comum, reclamo dele e ele faz ouvido de mercador, quando muito me manda estudar mais. É assim que ele me trata!     
O último lance das brancas me dá a vitória. O resultado final da partida não interessa, o que interessa era ganhar o peão de e4! 

13. ...ab 14.ab Ta2 15.Ca2 , desviando o sofrido Rocinante e deixando o peão ao meu dispor. Claro que joguei 15. ... Ce4!
Marcamos outros encontros, antes de julho chegar.

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