sábado, 21 de fevereiro de 2015

VI Memorial Bobby Fischer - Faltam 20 dias

(FALTAM 20 DIAS PARA O ABERTO DO BRASIL
VI TORNEIO MEMORIAL BOBBY FISCHER)

Bobby Fischer: Uma vida em 30 dias
(Extratos do Vol. 4 do livro 'Meus Grandes Predecessores'' de Garry Kasparov - Ed. Solis)

Não muito antes do torneio de Candidatos [Iuguslávia, setembro-outubro 1959], ocorreu um episódio que revela muito sobre o caráter de Fischer. De acordo com Brady isso foi o que aconteceu. Um rico empresário convidou Fischer para ir vê-lo. Disse que admirava o talento enxadrístico de Fischer e que estava pronto para pagar sua viagem à Iuguslávia. Mas com uma condição: “Quando você der uma entrevista, quero que você diga que não poderia ter vencido esse torneio sem a minha ajuda”. Bobby imediatamente se levantou. “Não posso fazer isso”, ele disse de pronto. “ Se eu venço um torneio, eu venço por meus méritos. Sou eu quem joga, ninguém me ajuda. Eu venço o torneio por mim mesmo, com meu próprio talento.” Uma resposta surpreendente para um jovem de 16 anos de idade! Segue Kasparov: Acho que Brady está certo, ao indicar como uma das razões para tal reação de Fischer a de “um orgulho feroz, que insiste em que não pode haver outros nomes no brasão de Bobby a não ser o dele mesmo”.

Naquele torneio de Candidatos, os Grandes Mestres soviéticos eram considerados favoritos – Tal, Keres, Smyslov e Petrosian. Na opinião de Tal, Glicoric poderia também brilhar. Mas ele não considerava altas as chances de Fischer: “Parece-me que ele ainda não tem a maturidade suficiente par um torneio tão difícil”.

E realmente Fischer não estava pronto para um encontro com a elite do xadrez mundial. Para obter sucesso em um torneio assim não basta ser capaz de empatar com os Grandes Mestres – é necessário batê-los. E Bobby ainda não era capaz de fazer isso – pelo menos, não com regularidade. Mas ele começou com uma vitória sensacional sobre Keres –a segunda sucessiva, se lembrarmos Zurique.

A classificação final foi 1. Tal – 20 pontos em 26; 2. Keres – 18(1/2); 3. Petrosian  – 15(1/2); 4. Smyslov – 15; 5-6. Fischer e Glicoric  – 12(1/2); 7. Olafsson – 10; 8. Benko – 8. Pode-se dizer que Bobby atuou como uma espécie de regulador na corrida entre Tal e Keres: ele perdeu por 0-4 para o primeiro, mas empatou 2-2 com o último.

Pode parecer que o jovem debutante ficou satisfeito: somente Tal, Keres, Petrosian e Smyslov terminaram à sua frente. Mas Fischer já se considerava mais merecedor do que os demais. Ele recebeu um grande elogio de um homem que geralmente era escasso em elogios. Aqui estão algumas linhas do livro do torneio: “O Campeão Mundial Botvinnik analisou muitas partidas de Fischer e chegou à conclusão de que esse jovem realmente possui um talento brilhante, mas algumas pessoas o subestimam. Em seu estilo e compreensão do jogo Fischer está próximo da Escola Soviética de Xadrez, cujo fundador foi Chigorin. Botvinnik está certo de que o Grande Mestre norte-americano tem um grande futuro.”

Nenhum comentário:

Postar um comentário