[MGP - V.4]: Fischer cresceu sem o pai, o que, eu acho, deixou uma impressão trágica por toda a sua vida. Quando já estava na idade madura, certa vez disse em uma entrevista: 'Meu pai deixou minha mãe quando eu tinha dois anos. Eu nunca o vi. Minha mãe só me falou que o nome dele era Gerhardt e que ele era descendente de alemães. Crianças que crescem sem um dos pais se tornam lobos...'
Na sequência da obra, Kasparov discorre sobre fatos que questionam a real identidade do pai de Fischer.
E Fischer descobre o xadrez: Em 1949 Caíssa pela primeira vez reparou no jovem Bobby: a família se mudou para o Brooklin (uma região de Nova Iorque) e o xadrez entrou na sua vida! Tivesse Fischer permanecido em Mobile, e ele nunca teria conquistado a coroa do xadrez. Hoje em dia, quando existem montanhas de referências literárias, bases de dados eletrônicos, programas de computadores e a Internet permite o intercâmbio com o mundo inteiro, um jogador de um lugar remoto tem a chance de 'se tornar alguém', mas naquela época não se podia nem mesmo sonhar com uma coisa assim.
Joan [irmã de Fischer], ganhou um jogo de xadrez do proprietário de uma confeitaria, como recompensa por ser uma consumidora regular. Após estudar as instruções, ela mostrou os lances para seu irmão de seis anos. Para a surpresa de Joan, após algumas vitórias ela começou a perder. " Aí foi quando eu desisti do xadrez. A questão é que nós, os Fischers, não suportamos perder!" disse ela mais tarde, explicando porque ela própria não tinha se tornado uma enxadrista!
Por todo o ano seguinte Bobby jogou xadrez...em boa parte contra ele mesmo.
A obra prossegue narrando, na ocasião, o encontro do jovem Fischer com Hermann Helms, um dos pilares do xadrez americano, que convidou o garoto para uma simultânea do mestre Max Pavey.
O mestre precisou de somente 15 minutos para lidar com o jovem talento. Quando levou mate, Bobby começou a chorar...
Mas aquele dia, 17 de janeiro de 1951, trouxe-lhe não somente uma tristeza. Entre os espectadores estava o Presidente do Clube de Xadrez do Brooklin, Carmine Nigro, que concordou em tomar o garoto sob sua tutela. Isso foi um grande golpe de sorte! Então Fischer passou a frequentar o clube de xadrez toda sexta-feira, e nos dias livres jogava na casa de Nigro, ou as duas coisas, indo para o Washington Square Park - o maior centro de xadrez no mundo a céu aberto. "Mr. Nigro possivelmente não era o melhor jogador do mundo, mas foi um professor muito bom", disse Bobby anos mais tarde.
(Reedição da série de postagens 'Bobby Fischer: uma vida em 30 dias', publicada neste blog em 2015, com base em extratos do Vol. 4 do livro 'Meus Grandes Predecessores' de Garry Kasparov - Ed. Solis)
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