No
Campeonato dos EUA seguinte (1958/59) ele [Fischer] novamente foi o mais forte: 1.
Fischer – 8(1/2) em 11 (invicto); 2. Reshevsky – 7(1/2); 3. Sherwin – 6(1/2)
etc. Um peso adicional ao seu sucesso foi dado pela primeira vitória de sua
vida sobre Reshevsky, a quem Bobby abalou já na abertura com uma combinação
espetacular envolvendo um sacrifício de bispo em f7, que havia ocorrido não
muito antes no... campeonato da Federação Russa. Fischer tinha visto isso numa
revista soviética!
Em
maio-junho de 1959 Fischer jogou o supertorneio de Zurique, que teve o seguinte
resultado: 1. Tal – 11(1/2) em 15; 2. Glicoric – 11; 3-4. Fischer e Keres –
10(1/2); 5-6. Larsen e Unzicker – 9(1/2); 7. Barcza – 8(1/2); 8. Olafsson – 8
etc.
Pela
12ª rodada desse torneio, o campeão americano de 16 anos de idade
encontrou-se pela primeira vez no
tabuleiro com a lenda viva do xadrez mundial, o eterno vice, Paul Keres, de 43
anos de idade. Após a vitória de Fischer, disse Larry Evans: “(...) Fischer passou a ser visto como um sério
adversário pelos líderes Grandes Mestres soviéticos – essa foi a primeira vez
que ele derrotou um deles.”
No última dia [de Zurique] Bobby poderia ainda ter alcançado Tal, derrotando-o com
as pretas no seu confronto direto, mas a partida terminou em um empate. Mais
tarde Tal relembrou:
“Já
em Zurique, não era fácil jogar contra o jovem Fischer, de 16 anos de idade.
Sua incrível vontade de vencer e o padrão significativamente crescente de seu
jogo fizeram dele um oponente perigoso para qualquer participante. Fischer não
apreciava empates rápidos e batalhava até que o material estivesse
completamente esgotado. Na sua partida contra o participante mais idoso, o
Grande Mestre húngaro Gideon Barcza, Fischer não tinha nenhuma vantagem, mas,
não querendo deixar seu oponente sair com um empate, jogou até o 103º lance. A
partida foi adiada três vezes, os jogadores encheram duas planilhas, mas mesmo
depois que apenas os reis tinham ficado no tabuleiro Fischer fez mais duas
jogadas! Empate! Assustado com tal ataque fanático, Barcza ergue-se com
dificuldade de sua cadeira, mas Bobby disse, como se nada tivesse acontecido:
‘Vamos dar uma olhada na partida desde a primeira jogada. Em algum ponto eu
devia ter sido capaz de jogar melhor!’ E então Barcza implorou a ele: ‘Olhe, eu
tenho uma esposa e uma criança. Quem vai alimentá-los no caso de minha morte
prematura?’”
(Reedição da série de postagens 'Bobby Fischer: uma vida em 30 dias', publicada neste blog em 2015, com base em extratos do Vol. 4 do livro 'Meus Grandes Predecessores' de Garry Kasparov - Ed. Solis)
(Reedição da série de postagens 'Bobby Fischer: uma vida em 30 dias', publicada neste blog em 2015, com base em extratos do Vol. 4 do livro 'Meus Grandes Predecessores' de Garry Kasparov - Ed. Solis)
Sensacional esta história do Barcza. Este episódio me fez lembrar outro gigante do xadrez, Najdorf, que respondeu a uma proposta de empate dizendo: - se eu empatar agora não tenho o que fazer o resto da tarde. Prefiro jogar para ocupar o tempo! Alguns lances depois Najdorf vencia seu oponente.
ResponderExcluirPois é, mestre Resende! Essas belas histórias são a antítese desses aborrecidos empates de salão, em poucos lances, que temos em toda parte, e desde sempre! Bom mesmo é o jogo jogado!
ResponderExcluirFischer is a litte crazy, todos sabiam disso. A vida particular dele deveria ser um tormento para encarar, mas Fernando Sá, que tal nos presentearmos com a partida contra Reshevsky , e o sacrifício em f7?
ResponderExcluirA partida contra Reshevsky pode ser encontrada no seguinte link:
ResponderExcluirhttp://www.chessgames.com/perl/chessgame?gid=1008376
Grato.
ResponderExcluirO que acontece se as negras jogam 10 - Tf7?
ResponderExcluirSe 10...Tf7, as brancas jogam 11.Ce6, com o mesmo propósito.
ResponderExcluirobrigado.
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