sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

VII Memorial Bobby Fischer - Faltam 14 dias!

Após vencer o Interzonal de 1962, Fischer se empolga para o Torneio de Candidatos, em Curaçao, mas é contido pelo “pacto russo”! Kasparov comenta:

Para Bobby o futuro parecia extremamente colorido. Ele não tinha dúvidas nem de seu sucesso em Curaçao, nem de sua vitória sobre Botvinnik [campeão mundial de então].
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Definitivamente, achando-se o “escolhido por Deus”, Fischer, a julgar pelos fatos, perdeu a habilidade de fazer uma avaliação crítica de si mesmo e de seu jogo. Mas como não perdê-la quando todos a seu redor – comentaristas, jornalistas e mesmo jogadores – tinham efusivamente criado um “culto” a Fischer.

“Infelizmente, entretanto, (escreve Edmar Mednis, que estudou suas partidas), Bobby levou a sério esse papo de culto e começou a acreditar nele. Seu pensamento pode ser exemplificado pelo tipo de declaração ‘Posso jogar qualquer coisa – eles sucumbem da mesma forma!’ As consequências disso foram desastrosas no Torneio de Candidatos de Curaçao, maio-junho de 1962 e quase trágicas para o seu futuro no xadrez.”
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Assim foi a contagem final: 1. Petrosian – 17(1/2) pontos em 27; 2-3. Geller e Keres – 17; 4. Fischer – 14; 5. Kortchnoi – 13(1/2) etc. Quem poderia esperar isso após Estocolmo?

Esse fracasso teve um efeito enorme em Fischer. Evidentemente ele tinha que encontrar alguma explicação, alguma justificativa para o ocorrido... E novamente se manifestou um traço de seu caráter: ao invés de procurar as causas de seu fracasso em seu próprio jogo, Bobby procurou outros a quem culpar. E os encontrou!

Em um artigo com o título pitoresco “Os Russos Imobilizaram o Mundo do Xadrez”, publicado na revista Sports Illustrated, ele acusou diretamente Petrosian, Keres e Geller de fazerem um pacto. Eles teriam supostamente combinado de antemão em empatarem entre si, o que lhes daria um descanso, enquanto ele teve que jogar cada partida com intensidade plena. 

Realmente as suspeitas eram embasadas: todas as doze partidas entre o trio de líderes terminaram em empates insípidos. É claro que o lado soviético negou tudo, e mesmo no Ocidente nem todos compartilhavam do ponto de vista de Fischer.

Kasparov se posiciona: Eu não quero interpretar o papel do árbitro, especialmente porque após mais de quarenta anos muito foi discutido em torno do “pacto russo”. Eu acho que Fischer simplesmente não levou em conta o “espírito de equipe” dos jogadores soviéticos. Por que lutar, quando você pode fazer um acordo? (...) É duro condenar Petrosian, Geller e Keres por esses empates: era uma tradição soviética e, tendo em mente o calor tropical, era extremamente difícil finalizar a distância de 28 rodadas sem um descanso.
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No final dos anos 1990 a versão de Fischer subitamente recebeu apoio de um lugar de onde Bobby jamais esperava – do antigo treinador de Petrosian. (...) [Declaração do GM Suetin:] “Antes do início do torneio o trio vitorioso concluiu um ‘pacto de não agressão’ um com os outros”.
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Envergonhado com o final da batalha em Curaçao, Fischer sonoramente “bateu a porta”, anunciando que não mais tomaria parte em competições assim novamente. E o que aconteceu? A partir do próximo ciclo do Campeonato Mundial, o Torneio dos Candidatos foi substituído pelos Matches!

(Reedição da série de postagens 'Bobby Fischer: uma vida em 30 dias', publicada neste blog em 2015, com base em extratos do Vol. 4 do livro 'Meus Grandes Predecessores' de Garry Kasparov - Ed. Solis)

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