O então campeão do mundo Boris Spassky estava confiante de que venceria Bobby Fischer, seu desafiante em 1972, e que manteria o título. Chegou mesmo a dizer que o norte-americano tinha o "queixo de vidro" - essa é a maneira geralmente usada para um boxeador que não consegue absorver um golpe e que quebra como vidro.
Tudo bem. É um direito de Spassky dizer o que pensa, falar o que quer. Todavia, o experiente Tigran Petrosian conhecia bem o "gringo" e não escondeu sua preocupação com o otimismo do seu compatriota.
"Devo advertir Spassky que Fischer está armado com todas as novas ideias em xadrez. Assim que Fischer consegue a vantagem, por mínima que seja, ele começa a jogar como uma máquina. Você não pode sequer ter esperança de algum erro. Fischer é realmente um jogador extraordinário.. Seu match com Spassky vai ser duro".
Essa advertência de Petrosian, que conhecia muito bem Boris Spassky (se enfrentaram duas vezes pela coroa mundial) é observada por Gary Kasparov em seu livro sobre Fischer. O patriarca do xadrez na URSS, Miguel Botvinnik, já não tinha o mesmo otimismo. Ele chegara a tranquilizar a sociedade soviética: "Spassky não tem motivo pra temer Fischer". Ocorre que, com os resultados do Torneio de Candidatos 1971, quando Fischer saiu derrubando quem aparecia em sua frente, o tom dos comentários de Botvinnik passou a ser outro, chegando a dizer que Fischer é notável por sua técnica superior. "Fischer calcula variantes muito bem. Acho que nisso ele é mais forte do que qualquer um, inclusive Spassky".
Queremos concluir esse breve artigo, com a certeza de que os melhores jogadores soviéticos, e Botvinnik e Petrosian se enquadram muito bem, sabiam que Spassky podia perder o título para Fischer!
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