quarta-feira, 26 de abril de 2017

Treinamento de elite!

Por FERNANDO MELO
O polonês Johannes  Zukertort  (1842-1888 

Qual o segredo do xadrez? O que você acha em ter essa resposta dada por Bobby Fischer? Então muita atenção, porque a partir de hoje vamos penetrar nos labirintos dessa arte milenar que apaixona os humanos ao longo dos séculos.

O segredo do xadrez - disse ele - consiste em não fazer jamais um lance sem haver compreendido antes a posição.

Numa das minhas infindáveis leituras ficherianas, descobri o quanto Bobby respeitava Steinitz, o primeiro campeão do mundo, no século XIX. Foi bom saber isso, porque me livrei do preconceito contra esses jogadores do passado, achando que só os atuais, a partir do século XX, eram merecedores de nossa atenção. 

Pretendo assim trazer para os leitores o estudo de uma partida, jogada em Londres no distante ano de 1883, entre Zukertort-Blackburne. Gostaria de deixar claro que esse artigo não serve para uma simples leitura superficial. Exige do leitor certo esforço para que possa beber nessa fonte de água cristalina e medicinal para o bom aprendizado do xadrez. Eu não pensava sequer que podia aprender numa partida tão antiga, considerada por quem entende como uma das mais belas da história,  em que se realiza uma combinação notável.  

Antes de armarmos o tabuleiro para o estudo desse embate, vamos dar atenção ao torneio que produziu essa partida. O curioso é que ele começou exatamente no dia 26 de abril (atento para a data de hoje), portanto 134 anos atrás, e terminou no dia 23 de junho! Reuniu 14 mestres, todos contra todos em dupla volta. Ou seja, cada jogador precisou jogar 26 vezes! Além dos dois citados, estavam também Steinitz, Chigorin, Rosenthal, Winawer, nosso Bird, entre outros. O campeão foi Zukertort com 22 pontos, seguido de Steinitz com 19 pontos. 

Zukertot - Blackburne
Londres 1883
Abertura Rubinstein - D05
Comentários de Arthur Yusupov

1.c4 e6 2.e3 Cf6 3.Cf3 b6 4.Be2 Bb7 5.0-0 d5 6.d4 Bd6 7.Cc3 0-0 8.b3 Cbd7

Os bispos ativos em b7 e d6 apontam para o flanco do rei. Antes já e conehcia como os "bispos de Horwitz" (um mestre alemão do século XIX, que gostava de colocar seus bispos nessas casas. Na sequência, as negras propóem jogar Ce4, f5 e finalmente, levar a torre ou a dama a f6 para atacar o rei.

9.Bb2

... O bispo em d6 é uma peça muito forte, e as brancas devem trocá-lo por seu cavalo. Naturalmente, a saída Cb5 nem sempre é efetiva. O bispo pode voltar a e7, depois segue a7-a6, e tudo segue igual. No caso de que as bancas possam ocupar a coluna "c" com a dama e a torre, então o bispo não podia retroceder devido a debilidade de c7. Sobre essa base a7-a6, em posições desse tipo, é uma boa manobra profilática. Mas, Blackburne subestimouy a ameaça Cb5.

9. ... De7?! 10.Cb5 Ce4 11.Cd6 cd.

(CONTINUA AMANHÃ) 


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