segunda-feira, 17 de abril de 2017

Lembranças de Antonio Resende!

Por Fernando Melo

O MI paulista Antonio Resende nos enviou por e-mail um estudo que ele fez quando estava começando no xadrez, um ano após Bobby Fischer conquistar o título mundial. Trata-se da terceira partida do match Fischer-Spassky.  Vejamos o que ele diz:

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"A primeira posição da partida que me fez pensar muito. Conheci esta partida em 1973 apenas.  Na época era um principiante querendo avançar no xadrez. Eu não entendia porque Spassky abandonou nesta posição. Pensava eu que, apesar de cair o peão de b4, as brancas tinham chances de xeque-mate com Bb2 ou Bh6 seguido de Dg7++. Não me conformava com a desistência das brancas. Perguntava aos mais experientes que diziam: 'Está perdido! Não perca seu tempo querendo analisar isto'. 'Não percebe que o branco está em zugzwang'. Como era difícil o xadrez!

Não acreditava no que me diziam e então por dias voltava e analisava esta posição no tabuleiro procurando fazer os melhores lances. Inicialmente para mim tinha muito jogo ainda pela frente. Com o tempo fui percebendo e descobrindo sobre o tabuleiro: se 42.Re3 Dd1 43.Bb2 Df3 44.Rd2 De2 45.Rc1 Dc2++. E se 42.Re1 Db4+ 43.Rd1 Db3+ 44.Re1 b4!. E se 45.Bb2 c3! E contra 45.Bh6 Db1+ 46.Rd2 Dc2+ e mate em seguida.

Hoje as coisas são mais fáceis com chessbase e fritz ligados te dando a resposta instantânea. Economizamos tempo. Há outros programas também. A minha geração de enxadristas tinha que descobrir tudo no tabuleiro!"

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Devemos ter em mente que Resende era então um principiante, e ele, nessa "teimosia", querendo tirar leite de pedra ou pintar usando o branco em tela branca, apenas nos prova do seu interesse em aprender, e isso certamente deve ter ajudado bastante a firmar seus conhecimentos. Fico feliz por esse seu estudo ter sido com essa partida! Sempre assim, Fischer nunca pode ser esquecido! 

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