Na
sequência da sua obra sobre Fischer, Kasparov lembra que o americano não jogou o
Interzonal de 1964... o que causou perplexidade geral. Afinal, no Congresso da
FIDE a USA Chess Federation tinha obtido o que ele defendera com fervor: a
troca do Torneio de Candidatos por uma série de matches individuais. (...) O
próprio Bobby explicou sua recusa da seguinte forma: “Eu nunca pretendi jogar
qualquer match! Eu concordei somente com um match final!”
...
Em
dezembro [de 1965] Fischer venceu o Campeonato dos EUA pela sétima vez (e se
classificou para o Torneio Interzonal), mas não de forma tão convincente como
anteriormente. Após um início brilhante (6(1/2) em 7!) ele sofreu duas derrotas
seguidas – contra Robert Byrne e Reshevsky. Bobby não perdera tantas partidas
em todos os Campeonatos precedentes! E Reshevsky não o vencia desde o match de
1961. O resultado final foi 1. Fischer – 8(1/2) pontos em 11; 2-3. Robert
Byrne e Reshevsky – 7(1/2) etc.
...
Um
verdadeiro teste de resistência para Fischer foi a Copa Piatigorsky – o supertorneio
em duplo turno em Santa Mônica (julho-agosto de 1966). (...) Como sabemos,
Bobby se recusou a participar da primeira Copa Piatigorsky (1963) devido ao
escândalo em seu match com Reshevsky. Mas nessa ocasião ele deixou a raiva de
lado e graças à sua participação o interesse nesse torneio de Grandes Mestres
(uma grande raridade naquela época) foi especialmente aguçado.
Dez experientes
lutadores estavam competindo, e efetivamente definiriam a questão: quem é o
melhor jogador do torneio? Afinal, em Santa Mônica estavam o então Campeão
Mundial Petrosian, seu adversário recente Spassky, e as esperanças do xadrez Ocidental
– Fischer e Larsen... A excitação geral
também foi agitada pelo prêmio sem precedentes do torneio – 20.000 dólares!
...
Após
a 16ª rodada, na qual Bobby arrasou Najdorf espetacularmente, o delírio dos
espectadores era absoluto: seu herói tinha conseguido alcançar Spassky e agora
era uma luta de braço-de-ferro (...). A trama do torneio alcançou o seu auge:
na rodada seguinte os líderes tinham que se enfrentar.
“Quando
Fischer começou sua partida com Spassky, o salão estava explodindo de
espectadores, antecipando a ‘batalha do século’”, escreve Koltanowski. “Eles
estavam comprimidos ao longo das paredes e ao redor das colunas, sentados no
chão, em pé nas cadeiras... Aqueles que não conseguiam entrar no salão ficavam
em fila no vestíbulo atrás da barreira de cordas, com a esperança de que alguém
pudesse sair e deixasse-lhes um lugar.
...
Empate!
Apesar da sua pressão fenomenal e desejo de vencer, Fischer não conseguiu o
impossível...”
Tudo
foi decidido na última rodada. Bobby não conseguiu derrotar Petrosian com as
pretas, enquanto Spassky venceu contra Donner e se tornou o primeiro Grande Mestre soviético a receber
o prêmio de 5.000 dólares. Aqui está a contagem final: 1. Spassky – 11(1/2)
pontos em 18; 2. Fischer – 11; 3. Larsen – 10; 4-5. Portish e
Unzicker – 9(1/2); 6-7. Petrosian e Reshevsky – 9; 8. Najdorf – 8; 9. Ivkov –
6(1/2); 10. Donner – 6. Essa foi a última vez que Fischer permitiu alguém terminar à sua
frente. A partir de então ele somente tomaria os primeiros lugares! [grifo do RC]
(Reedição da série de postagens 'Bobby Fischer: uma vida em 30 dias', publicada neste blog em 2015, com base em extratos do Vol. 4 do livro 'Meus Grandes Predecessores' de Garry Kasparov - Ed. Solis)
(Reedição da série de postagens 'Bobby Fischer: uma vida em 30 dias', publicada neste blog em 2015, com base em extratos do Vol. 4 do livro 'Meus Grandes Predecessores' de Garry Kasparov - Ed. Solis)
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