(FALTAM 17 DIAS PARA O ABERTO DO BRASIL
VI TORNEIO MEMORIAL BOBBY FISCHER)
VI TORNEIO MEMORIAL BOBBY FISCHER)
Bobby Fischer: Uma vida em 30 dias
(Extratos do Vol. 4 do livro 'Meus Grandes Predecessores'' de Garry Kasparov - Ed. Solis)
A
obra prossegue e relata a contagem empatada em 5(1/2) x 5(1/2), no match Fischer x Reshevsky, após a 11ª
partida. Nesse ponto, Kasparov faz um longo relato dos problemas que surgiram
no match, motivados pelo adiamento da 12ª partida para um domingo de manhã, por
motivos religiosos de Reshevsky, judeu ortodoxo, e para acomodar um desejo
pessoal da Sra. Piatigorsky. Por não concordar com isso, Fischer acabou não
comparecendo para a partida e a Reshevsky foi dada a vitória, o que motivou o
abandono do evento por Fischer.
Kasparov
lembra que após o match houve muita agitação na imprensa americana e prossegue: Todos acusavam Fischer, os rádios e jornais não economizavam em suas manchetes,
condenando o ‘moleque mimado’ que havia desgraçado o título de campeão dos EUA
com o seu comportamento. A USCF [Federação Americana de Xadrez] também tomou o
lado de Reshevsky. Não causa surpresa que Bobby tenha se sentido enganado,
abandonado, em um canto por todos...
Mas
todos não levantaram os braços contra ele [Fischer] por nada, certamente teriam
um motivo?! E Fischer o encontrou. Todos eram judeus: Rechevsky, os
Piatigorsky, os líderes da Federação,
jornalistas, árbitros...E por isso se apoiavam uns aos outros!
...
Para
um jovem do Brooklin pouco estudado [18 anos], extremamente egocêntrico, era
compreensível tal visão ‘simplificada’ do mundo. O Grande Mestre O’Kelly
comentou com muita perspicácia: “O comportamento de Fischer lembra o de um
selvagem: todas as coisas que acontecem ao seu redor são percebidas como uma
ameaça”.
Segue Kasparov: Ao ficar mais velho, Bobby poderia ter se livrado de seus complexos, mas não teve sorte: além de todos seus desgostos na terra natal, o “rolo compressor” soviético também passou sobre ele, e isso, falando, genericamente, quebrou a identidade de Fischer. Ele cresceu como uma árvore anã, na atmosfera sufocante que enchia o mundo do xadrez desde que a União Soviética entrou na FIDE, com a dominação completa dos jogadores soviéticos e, daí em diante, da máquina política e esportiva soviética.
Segue Kasparov: Ao ficar mais velho, Bobby poderia ter se livrado de seus complexos, mas não teve sorte: além de todos seus desgostos na terra natal, o “rolo compressor” soviético também passou sobre ele, e isso, falando, genericamente, quebrou a identidade de Fischer. Ele cresceu como uma árvore anã, na atmosfera sufocante que enchia o mundo do xadrez desde que a União Soviética entrou na FIDE, com a dominação completa dos jogadores soviéticos e, daí em diante, da máquina política e esportiva soviética.
...
E eu acho que a
mania anti-semita de Fischer, a qual cresceu com os anos, está amplamente
associada com a dominação dos jogadores “judeus-soviéticos”. Parecia-lhe que
eles se uniam contra ele com o objetivo de evitar que ele se tornasse o Campeão
Mundial. Eu lembro Reshevsky contando-me como, durante o Torneio Interzonal de
Mallorca [1970], com olhos em chamas Fischer informou-o de que estava lendo um
“livro muito interessante”. “Qual é?” perguntou Sammy [Rechevsky]
inocentemente. “Mein Kampf!” respondeu Bobby...
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