É com especial
satisfação que entrevistamos hoje, na Seção 8 x 8, o carismático enxadrista paraibano,
de Esperança, Joaquim Virgolino Filho, conhecido por sua abnegação e paixão
pelo xadrez, a ponto de praticar atos extraordinários em nome desse sentimento,
como o de batizar a sua própria filha com o nome da melhor jogadora de xadrez
da história, bem como de conseguir fotos pessoais com as estrelas do xadrez
mundial, como Carlsen e Anand. Obrigado, mestre Virgolino pela entrevista!
1. RC - Quem é
Joaquim Virgolino? Trace um pouco de seu perfil para nossos leitores.
Joaquim – Bem, antes
de tudo, quero dizer que Joaquim Virgolino Filho é um grande capivara
eternamente apaixonado por xadrez. Tenho 46 anos, natural da querida e pequena cidade
de Esperança - PB. Sou teólogo de linhagem protestante, formado pela Faculdade
de Teologia Filadélfia Internacional (minha segunda paixão é o estudo das
religiões e seitas). Trabalhei por quase uma década na Caixa Econômica Federal
e hoje gerencio uma casa lotérica em uma cidade vizinha a nossa. Sou casado com
Ana Claudia Virgolino e tenho dois filhos: o Diego Virgolino e a Polgar
Virgolino. O nome Diego, em homenagem ao maior e melhor jogador de futebol de
todos os tempos, Diego Armando Maradona (risos), e Polgar, em homenagem a maior
e melhor jogadora de xadrez de todos os tempos, a GM húngara Judit Polgar, que
aqui gostaria de destacar uma pequena mostra de seus grandes feitos: única
mulher a bater nove ex-campeões mundiais (Karpov, Kasparov, Spassky etc.);
ganhadora do Oscar do Xadrez por sete ocasiões; única mulher a ficar entre os
dez melhores jogadores do mundo absoluto; e, para finalizar, faz 23 anos que é
o melhor rating entre as mulheres, uma eternidade em se falando de xadrez...
2. RC - Como o xadrez
entrou na sua vida e qual é hoje a sua relação com o nobre jogo?
Joaquim – Não sei
precisar exatamente como ele entrou em minha vida, mas sei que foi de uma forma
intensa, profunda, encantadora e apaixonante. O xadrez me tornou uma pessoa
melhor e mais feliz. A minha relação com o xadrez hoje é de amor e de entrega.
Dou aulas, sou presidente do clube de nossa cidade, promovo torneios, levo o
xadrez às praças etc. A arte de Caíssa transforma e nos dá sabedoria, nos
presenteia com um exército de amigos bons e verdadeiros de todos os cantos da
terra. É maravilhoso! Lamento muito ter conhecido a nobre arte muito tarde
(1998), já depois de velho. "I love chess!"
3. RC - Como muitos
sabem, você tem uma filha chamada Judit Polgar Virgolino, em homenagem à melhor
jogadora de xadrez de todos os tempos. Como foi "negociar" esse nome com a
família, especialmente com a mãe da pequena Judit? Como sua filha lida com essa
particularidade de seu nome?
Joaquim – Tenho dois ídolos
no xadrez: Bobby Fischer e Judit Polgar. Quando minha esposa engravidou pensei:
se for homem, se chamará Robert James Fischer Virgolino; e, se for mulher, será
Judit Polgar Virgolino. Aí lancei a ideia entre os familiares. De início, houve
uma resistência muito grande, principalmente se fosse uma mulher, pois achavam
o nome Judit Polgar muito feio, mas graças a Deus, aos poucos, fui convencendo
a todos e, no final, eles eram quem queriam os nomes, numa mudança repentina,
radical e surpreendente. A Polgarzinha apesar da pouca idade (5 aninhos) lida
de uma maneira bastante natural e positiva em relação a carregar nas costas o
nome da toda poderosa Rainha do Xadrez.
4. RC - O ano de 2012
deve ter sido especial para você, por ter conseguido encontrar pessoalmente a
Judit "matriz" lá em Caxias do Sul (RS). Como foi esse encontro? Vocês já
mantinham algum contato virtual antes? E a barreira do idioma lá no Sul, como
foi contornada?
Joaquim – Sim, o ano
de 2012 foi muito marcante para mim. Tive a honra e o privilégio de conhecer,
conversar, jogar e ainda receber um lindo presente (um belíssimo jogo de peças)
da maior jogadora de xadrez de todos os tempos. Foi um momento inesquecível para
mim aquele 1° de março de 2012. No dia seguinte enfrentei a "fera" dos tabuleiros
em uma simultânea no Shopping Iguatemi (Caxias do Sul - RS), onde ela enfrentou
35 jogadores de todas as partes do Brasil, e no dia 3 de março tive a
satisfação de participar do XII Torneio Internacional de Xadrez Festa da Uva.
Para que vocês tenham uma ideia da grandeza e força do torneio, quero lhes
dizer que tínhamos quase 200 participantes e 10 GMs de várias nacionalidades.
Entre
eles gostaria de destacar a própria Polgar, a lenda brasileira Henrique
Mecking, o melhor jogador uruguaio de todos os tempos GM Andrés Rodríguez, o GM
Sandro Mareco, da Argentina etc. Ficou GM sem prêmio (risos). Quanto à barreira
do idioma ficou fácil para mim, pois a húngara é genial. Ela fala fluentemente
uns cinco ou seis idiomas e, como falo espanhol, nos comunicávamos nesse idioma,
sem problema algum. Conhecemo-nos desde o ano de 2005. Aproveitando o ensejo,
gostaria de indicar a todos os amigos enxadristas que adquiram o novo livro da
Judit: "Como eu bati o recorde de Fischer", o primeiro volume de um total de três.
Já estou terminando de ler o meu. O livro é ótimo. Por enquanto só em inglês. Aqui
no Brasil, vocês podem encontrá-lo na loja virtual do Clube de Xadrez On-line,
do amigo e professor Gérson Peres.
5. RC - Nos últimos
dois anos, você não mediu esforços para ir a São Paulo acompanhar o Grand Slam
e colar, para nossa satisfação, a bandeira da Paraíba nas imagens da elite do
xadrez mundial. Como você descreve a emoção desses momentos e como você conseguiu
tirar fotos ao lado de astros do evento, como Carlsen e Anand?
Joaquim – Verdade, amigo.
Quando tomei conhecimento que o Grand Slam de Xadrez seria no Brasil, logo
pensei: eu vou! Mas a notícia me chegou quase que em cima da hora. Não pensei
duas vezes. Vendi minha moto e fui com toda família ver os melhores jogadores
do mundo se enfrentando numa urna de vidro, no lindo Parque do Ibirapuera. Foi
muito emocionante e gratificante para mim, ver, falar, tirar fotos, pegar autógrafos
de meus ídolos.
A emoção é muito grande, de você estar pertinho daqueles que
são os melhores do esporte que você curte. No segundo ano, além de ver alguns
dos jogadores que eu já conhecia, tive a sorte de conhecer o GM italiano
Caruana, o GM russo Sergey Karjakin e, em especial, a comentarista oficial do
evento, que era a primogênita das irmãs Polgar, a ex- campeã mundial de xadrez,
GM Susan Polgar. Quanto a tirar fotos com as estrelas, é muito fácil. Precisamos
apenas de um pouco de ousadia e pegar as feras nos dias que eles tenham vencido
seu embates (risos).
6. RC - Fale-nos um
pouco sobre o seu Clube de Xadrez de Esperança. Onde se localiza? Há quanto
tempo ele existe? Quantos são os seus sócios? Quais são suas atividades? Com
que apoios formais conta o Clube para sua manutenção e desenvolvimento?
Joaquim – O Clube de
Xadrez de Esperança foi fundado em outubro de 1999, por mim e pelo grande amigo
e enxadrista Estevão Brandão, mas por falta de apoio e um numero limitadíssimo de
sócios, infelizmente, logo tivemos de fechar as portas por um longo período. Nesse
ínterim, ficamos nos reunindo nas casas dos amigos. Jogávamos também o saudoso
xadrez postal. Graças ao bom Deus, em maio deste ano, eu, junto com alguns
abnegados enxadristas, Rodrigo Soares Pedro Serafim e Albine Brandão, daqui de
Esperança, que, como eu, amam o xadrez, conseguimos reabrir o nosso clube. Reunimo-nos
todos os dias da semana no período noturno.
Nos sábados, abrimos na parte da
tarde e, aos domingos, levamos o xadrez às praças de nossa cidade. O clube está
localizado na Rua José Ramalho da Costa, 81 - 1° andar - sala 01, no centro de Esperança.
Infelizmente, não contamos com ajuda de nenhuma instituição publica ou privada.
Temos um reduzido numero de sócios, que é de onde arrecadamos a receita para as
nossas despesas com a manutenção do clube. Dentre estes sócios, gostaria de
destacar um, ou seja, você, Fernando Sá, pois apesar de não morar em Esperança
e nunca ter vindo ao nosso clube, teve a sensibilidade de se tornar um sócio contribuinte.
Quero que saiba que sua ajuda é de fundamental importância para que as portas
do nosso clube ainda permaneçam abertas. Quero em público agradecer a você, em
nome dos enxadristas esperancenses, e pedir, encarecidamente, que se mais algum
amigo possa nos ajudar que entre em contato conosco, porque nossa situação
continua delicada.
7. RC - O Torneio
Cidade de Esperança já vai para sua XVI edição agora em 2013. A que se deve o
sucesso desse evento, que na última edição, em abril passado, atraiu boa parte
dos melhores jogadores do nordeste ao brejo paraibano?
Joaquim – O sucesso
deve-se primeiramente a Deus, que é quem nos dá forças e motivação para realizá-lo,
e depois acredito que é porque fazemos um trabalho com amor e muita seriedade.
Todos os anos nós tentamos fazer o melhor possível: damos uma boa premiação,
como foi o caso da edição passada, onde premiamos os melhores colocados com a
excelente quantia de 2 mil dólares; isentamos de taxas os jogadores titulados...
Também para o sucesso do mesmo não podia deixar de citar o apoio dos nossos
patrocinadores, que é de fundamental importância, pois sem essa ajuda seria impossível
ter uma premiação tão generosa. E, para finalizar, gostaria de informar a vocês,
aqui em primeira mão, que a XVI edição (2013) será realizada nos dias 27 e 28
de Abril. O homenageado desse ano será o amigo, médico e enxadrista Dr. Jovany
Medeiros, e a premiação será de aproximadamente 2 mil dólares, com o primeiro
colocado recebendo troféu, mais mil reais.
8. RC - Existe algum
sonho em especial que o determinado Joaquim Virgolino ainda
gostaria de realizar? A húngara Judit Polgar em Esperança seria um deles?
Joaquim – Com certeza,
amigo. Tenho muitos sonhos que gostaria de um dia poder realizar. Um deles
seria ver o Brasil como uma potência mundial em xadrez e não em corrupção.
Quero que um dia minha querida cidade conhecida carinhosamente como o Lírio
Verde da Borborema, respire xadrez e conheça o poder transformador e
aglutinador que a milenar arte do jogo-ciência possui. Quanto a esse sonho que
você menciona, em sua pergunta, de trazer a GM Judit Polgar para Esperança, é
sim um grande sonho meu! Nunca falei para ninguém. Como você sabe disso?
(risos). FELIZ 2013 PARA TODOS! "O xadrez é necessário em toda a boa família" (Pushkin).
Parabéns ao RC na pessoa do Fernando Sá,
ResponderExcluirPor esta interessante iniciativa em nos dá esta grande oportunidade de conhecermos mais um pouco dos amigos enxadristas nesta entrevista.
Ao nosso grande em“Polgar” Joaquim pela arte de Caíssa, continue sempre com sua vibrante paixão que com certeza seus sonhos se concretizaram.
Valeu !!!
Parabéns Joaquim.
ResponderExcluirJoaquim Virgolino, um exemplo de Amor incondicional pelo Xadrez. Parabéns Joaquim!
ResponderExcluirMuito legal a entrevista.
ResponderExcluir:)
Parabéns Joaquim, você é um exemplo de dedicação e amor ao xadrez! Grande Abraço amigo.
ResponderExcluirObrigado por todos os comentários dos amigos repletos de palavras de carinho que me servem como um grande incentivo, muito obrigado mesmo amigos.
ResponderExcluirParabéns ao Fernando Sá de Melo, do Reino de Caíssa, por publicar tão apaixonante entrevista com o amigo Joaquim Virgolino, que é um grande exemplo para nós que buscamos a popularização do xadrez no Brasil!
ResponderExcluirUma bela intrevista , estou emocionado , A chamada do xadrez será :
ResponderExcluir"O Xadrez brasileiro precisa de + Joaquim "
Adorei a ideia Fernando! Ninguém melhor para ser entrevistado do que o nosso valoroso e apaixonado enxadrista Virgolino.
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