domingo, 2 de julho de 2017

Herbert foi perseguido pela ditadura


Desde já quero prestar minha solidariedade 
ao amigo e colega jornalista e enxadrista paulista Herbert Carvalho, por quem nutro o maior respeito e admiração. (Fernando Melo)


     Herbert Carvalho, notório enxadrista brasileiro, caiu em desgraça na ditadura e foi impedido de disputar campeonato.

Por Aluizio Palmar
(10 novembro 2015)

Herbet Abreu Carvalho, notório enxadrista brasileiro, caiu em desgraça quando escreveu no jornal Folha da Tarde que Iluska Simonsen, a esposa do Ministro do Planejamento da Ditadura, Mario Henrique Simonsen, estava atuando com favorecimentos nos torneios e campeonatos de Xadrez. Isso foi o suficiente para que o dia 15 de março de 1979 o apartamento de Herbert fosse invadido e ele e sua esposa agredidos.

 Mais tarde, em 4 de agosto, meia hora antes de iniciar o Campeonato Brasileiro de Xadrez, Herbert foi procurado pelo presidente da Confederação Brasileira de Xadrez, Sérgio Farias, que comunicou ter recebido ordens de cima impedindo que ele participasse do certame.

Em carta escrita no dia 10 de agosto de 1979 e endereçada ao advogado Luís Eduardo Greenralgh, Presidente do Comite Brasileiro Pela Anistia, Herbert disse que  sua situação so encontra dois paralelos : a dos enxadristas judeus na Alemanha nazista e a de Ludek Pachman, enxadrista tcheco hoje exilado, que foi impedido de jogar em seu país por ter protestado contra a invasão de 1968. Entendo que o meu direito a desenvolver uma atividade esportiva e intelectual está sendo ceceada",

3 comentários:

  1. Como assim favorecimentos Fernando? Em benefício próprio? Ou a terceiros? Ficou incompleta a informação do jornalista. Sabe-se que o Simonsen era um amante do jogo. Chegou a tirar várias fotos no gabinete dele, quando concedia entrevistas políticas, cuja a imagem de fundo era ele a frente de um tabuleiro. Acredito que era para dar um ar de intelectualidade as entrevistas. Abraços.

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  2. Que triste saber que a liberdade de expressão e de participação em eventos esportivos foi um dia cerceada a esse ponto em nosso país. Apenas gostaria de acrescentar que essa situação não aconteceu apenas com os judeus na Alemanha nazista e com o GM Ludek Pachman. Esse tipo de retaliação foi uma prática comum que perdurou por muitos anos na antiga União Soviética, berço do fracassado e pernicioso sistema socialista. É sabido que os enxadristas não alinhados ao regime sofriam represálias de toda espécie, inclusive sendo impedidos de tomar parte em torneios ou de viajar para jogar no exterior. Muitas vagas em competições internacionais eram preenchidas por indicação das autoridades soviéticas, que queriam que o Fulano se classificasse em lugar do Beltrano, o que se fazia através de partidas arranjadas, em que um dos jogadores era "obrigado" a perder. O próprio Botvinnik, considerado o Patriarca do Xadrez Soviético, aproveitou-se do seu prestígio junto às autoridades para conseguir a prisão de vários desafetos, principalmente daqueles jogadores que ofereciam risco à sua supremacia enxadrística. Quem quiser comprovar o que estou dizendo, basta ler o livro do jornalista britânico Daniel Johnson, intitulado "Rei Branco e Rainha Vermelha: como a Guerra Fria foi disputada no tabuleiro de xadrez", da Editora Record, sem dúvida um dos melhores livros já escritos sobre a história do nobre jogo e indispensável à biblioteca de qualquer enxadrista que se preze.

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  3. Este artigo publicado no site Clube de Xadrez On-Line também trata do tema que eu abordei em meu comentário anterior. Trata-se de um texto esclarecedor a respeito do que ocorria no cenário enxadrístico soviético: http://cxol.com.br/editoria/artigos/33517/jacob-yuchtman-o-artista-proibido-

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