(Dedico este artigo ao Mestre Herbert Carvalho)
Duchamp pelos idos de 1920 |
Posso dizer que hoje estou feliz, muito feliz, bastante feliz! Descobri algo que é fundamental nas minhas pesquisas ficherianas. Vocês sabem que gosto de literatura, de artes plásticas, de música clássica, e quando encontro uma expressão da força e do prestígio de um Marcel Duchamp (1887-1968 - e que nasceu há exatos 130 anos), declarar seu amor ao xadrez, fico a imaginar a felicidade de Caíssa em ter ao seu lado tão ilustre companhia, desse francês, que foi pintor, escultor. escritor e jogador de xadrez.
"Duchamp é comumente considerado, junto com Pablo Picasso e Henri Matisse, como um dos três artistas que ajudaram a definir os desenvolvimentos revolucionários nas artes plásticas, nas primeiras décadas do século XX e século XXI."
Duchamp! Sim, conheço um pouco de sua trajetória, mas hoje fiz uma descoberta especial, bem especial! Abro meu coração para o leitor e digo que fico até emocionado ao escrever esse artigo. O que vou informar logo em seguida, vem a somar-se a tudo aquilo que venho dizendo ao longo da minha vida em favor de Bobby Fischer, ou seja, todo enxadrista que se preza, que ama verdadeiramente o xadrez, tem uma dívida de gratidão para com Bobby Fischer, pois foi ele quem deu dignidade ao xadrez.
Quando Duchamp morreu, Fischer ainda não era campeão do mundo. Viria a ser, quatro anos depois. Eu fico aqui tentando descobrir em que ano Duchamp disse isso: "Se Bobby Fischer me consultasse, eu certamente não o desencorajaria - como se alguém pudesse - mas eu tentaria deixar claro que ele nunca terá dinheiro com xadrez. Viva uma existência semelhante a um monge e conheça mais rejeição do que qualquer outro artista já teve lutando para ser conhecido e aceito"
Percebo nessas palavras finais de Duchamp, um desabafo. Na verdade, ele amava o xadrez e desde os anos 30 do século passado, tratava esse jogo com muita responsabilidade, escrevendo colunas em jornais semanais e participando de torneios.
Vejamos agora o ponto crítico desse mundo duchamperiano. Enquanto seus contemporâneos (artistas plásticos como ele) alcançavam um sucesso espetacular no mundo da arte, vendendo suas obras para colecionadores da alta sociedade. Duchamp observava:
"Eu ainda sou vítima de xadrez. Tem toda a beleza da arte - e muito mais. Não pode ser comercializado. O xadrez é muito mais puro do que a arte em sua posição social".
Se pararmos para pensar, podemos facilmente perceber que depois de 1972, o xadrez passou por uma transformação altamente positiva, diria mesmo revolucionária, única em sua historia, graças aos feitos de Bobby Fischer naquele inicio de década, dentro e fora do tabuleiro. Por isso e só por isso, Kasparov, Anand, Carlsen são hoje milionários e são reconhecidos em todo mundo. Essa dívida de gratidão eles também têm para com Bobby Fischer.
E para não me alongar, pois já estou plenamente satisfeito com o que queria provar sobre essa grande descoberta, encerro com Duchamp dizendo:
"Cheguei à conclusão pessoal de que, enquanto todos os artistas não são jogadores de xadrez, todos os jogadores de xadrez são artistas."
Parabéns pela matéria.
ResponderExcluirParabéns, Fernando! Impossível dissociar a arte do xadrez. Esse achado de Duchamp reforça tal intuição.
ResponderExcluir