Foto: O Estadão |
Que me recordo, depois que assumi este blog, preservando o
foco no xadrez, apenas uma única vez tratei de um tema aqui que não tinha
relação direta com o nobre jogo. Porém, diante do que aconteceu ontem com a
seleção brasileira, que afetou o sentimento de toda a nação, incluindo, claro,
o de nossos enxadristas, penso que vale algum comentário de nossa parte.
De início, fica evidente que o resultado dessa semifinal
marcará para sempre a história do futebol e, infelizmente, de forma dramática,
para nós brasileiros, ainda que os mais críticos certamente enxerguem no
episódio uma boa lição para um país que, quando quis, soube agir para construir
estádios suntuosos, mas que não passa a impressão de ter a mesma sanha para
superar nossas mazelas estruturais.
Há quem assegure que o desastre de agora supera aquele
ocorrido na Copa de 50, quando perdemos para o Uruguai, na final. A Alemanha
conseguiu ontem a primeira vitória contra o Brasil, em Copas, e o fez de forma
implacável.
Muitas explicações tentam surgir para o que aconteceu. Pode
ter ocorrido mesmo uma conjunção de fatores. Evidentemente que a organização,
disciplina, talento e leveza do time alemão têm elevada contribuição no seu
contundente triunfo. A facilidade foi tamanha, que houve quem tenha visto até
uma dose de misericórdia por parte dos alemães, que poderiam, se quisessem, ter
conseguido um placar ainda mais dilatado. Talvez tenham preferido poupar
energia para a final, já que o massacre já estava sacramentado.
Do lado do Brasil, os fatores que buscam explicar a derrota,
passam, claro, pela falta do seu principal nome, Neymar, bem como de Thiago
Silva, que, se presentes, haveriam de tornar, talvez, a derrota inevitável
menos vexatória! A juventude do grupo e sua limitação técnica, representada por
centroavantes como Fred e Jô, também são aspectos lembrados, bem como a
influência da desorganização, dos desmandos e do atraso da CBF, refletindo no
campo. O técnico alemão, depois do jogo ainda comentou que os anfitriões não
suportaram a pressão de jogar dentro de casa e acabaram sucumbindo. Nesse
sentido, acrescento que a disseminação da ideia de que cada um deveria jogar
por si e pelo fraturado Neymar também foi pesada demais, para um time fraco e
que se revelou emocionalmente instável.
Porém, como um dos 200 milhões de técnicos do Brasil, no meu
entender, Luís Felipe Scolari tem participação decisiva no debacle canarinho! E
não estou dizendo isso só porque o desastre se consumou! Desde a Copa de 2002,
quando o Brasil foi campeão, o técnico recebia críticas por sua incapacidade de
enxergar o melhor esquema tático para o time. A falta de coesão entre os
setores da equipe e as deficiências no meio-campo já eram observadas desde
aquela época.
Esse técnico, que não consegue articular bem suas ideias,
parece que só conseguiu atrair a simpatia de muitos por seu estilo “paizão”,
que sabia ser duro, mas ao mesmo tempo emotivo, capaz de unir o grupo e fazer
dele uma família.
Aliás, a atual e reinventada versão da família Scolari,
ainda que menos apelativa, foi o que pareceu ter trazido alguma esperança de
título nesta Copa de 2014, onde a garra, o sentimento de superação e o
sacrifício haveriam de encobrir as fragilidades técnicas e táticas do time, com
tudo mundo querendo esquecer as dificuldades da primeira fase e dos embates
contra Chile e Colômbia. Afinal, em nome de um desejo maior, o importante era
avançar, mesmo que fosse aos trancos e barrancos!
E se fomos considerar a parceira de agora com Parreira,
quero crer que esse é outro que só conseguiu triunfar em 94, por causa da Copa
de exceção que fez Romário. Não tinha muito o que somar, portanto, a união
desses dois técnicos, com miopias similares. Sem falar no tal Murtosa! Ou
alguém acredita que esse indefectível parceiro de Scolari serviu para algo producente
na seleção?
Scolari e Parreira hão de sair de cena agora de forma
amarga, com um revés histórico, que mostra um pouco da verdade do que realmente
esses senhores representam. Decerto que aceitaram o risco de fracassar numa
Copa em casa, mas ambos têm um histórico de assumir no meio do caminho seleções
para aproveitarem as benesses de participar de uma Copa. Parreira pegou a
seleção da África do Sul às vésperas da Copa de 2010, quando Joel Santana foi
demitido. Scolari, após afundar o Palmeiras foi chamado para o lugar de Mano
Meneses, dispensado sem muita explicação. Se esses senhores têm nos seus
currículos os títulos de 1994 e 2002, alcançados mais pelos valores individuais
dos jogadores da época do que pelas contribuições táticas dos seus comandantes,
passam agora a carregar também o fardo de responderem por aquela que passou a
ser a página mais humilhante da história do futebol brasileiro.
Para concluir, e sem deixar de se estabelecer um vínculo com
o nosso xadrez, houve quem lembrasse, como o GM Rafael Leitão, que Scolari não
observou um princípio básico para atacar o adversário, como bem ensina o
milenar jogo dos reis. É preciso primeiro dominar o centro para buscar a
ofensiva segura em busca da vitória. Teria faltado então uma visão enxadrística
ao nosso treinador! Acabou levando um espetacular xeque-mate!
Que faltou visão enxadrística sem dúvida. Aliás faltou visão de história geral. Vê-se que Felipinho nunca estudou história, pois para atacar um exército daquela estatura escalou um menino de fraldas, e o manteve até o fim. Estava clara a vitória alemã, porém deveria custar mais caro, caso ele escalasse um meio de campo mais coeso, com ao menos 4 volantes no meio, além do Oscar. É assim que o futebol moderno joga. Não existe mais a necessidade de um centro avante, e nem de dois pontas avançados. É a velha laranja mecânica em ação. Na copa da França fiz um comentário acerca da falta de testículos dos jogadores brasileiros, porém desta vez mais maduro posso dizer que não houve nenhuma preocupação tática para conter um forte adversário. Pobre Felipinho. Pobre??? Com certeza não Fernando, apesar de entender a sua revolta quero dizer-te amigo que o Felipinho está podre de rico, assim como os seus comparsas da CBF. A goleada sofrida fica para o Brasil mesmo. Fica para o pobre povo brasileiro que acordava iludido amando aquela seleção e ia para o trabalho fantasiado nela cheio de orgulho. Nem nisso ele pensou. Humilhou e brincou com o sentimento de todos. E depois irá para Miami, passar 06 meses se divertindo dos comentários sofridos. E quem perde mesmo é o pobre futebol brasileiro. Arevour. Zirpoli.
ResponderExcluirDois belos textos .
ResponderExcluir