O tempo passa despreocupado com o tempo, por isso é tão rápido! Quisera que ele ficasse ali, naquele palco , em 1972. E eu podesse estar presente vendo Spassky lutando desesperadamente para manter seu título de campeão do mundo, frente a Bobby Fischer. Mas não é assim. A realidade é esta que temos agora. Spassky está sozinho, saúde debilitada, no peso dos seus 80 anos, que homenageamos hoje com emoção. Fischer gostava de Spassky, respeitava e admirava seu caráter, o que era raro em Fischer, já que vivia como um lobo solitário, totalmente distante da sociedade.
Em 1966, ao vencer o Torneio de Candidatos, Spassky desafiou o então campeão do mundo Tigran Petrosian. O match de 24 partidas terminou em 12,5 a 11,5 a favor de Petrosian, que assim manteve a coroa. Três anos depois, novamente Spassky era o desafiante, depois de vencer mais um Torneio de Candidatos! Desta vez foi diferente e Spassky derrotou o campeão num match de 23 partidas, por 12,5 a 10,5.
Veio então 1972! E lá estou eu no palco... Não, não foi bem assim; até que gostaria, mas não deu. O fato é que Spassky enfrentou um adversário que o mundo do xadrez estava de olhos pelos seus feitos recentes no Torneio de Candidatos de 1971 e cuja vitória lhe deu o direito de ser desafiante. Estamos falando de Bobby Fischer! Foi estrondosa sua atuação em 1971 e não seria diferente em 1972, quando saiu vitorioso após 21 partidas, pelo placar de 12,5 a 8,5!
Spassky não se abateu muito com a derrota, tanto que no ano seguinte ele ganhou o fortíssimo Campeonato da URSS com um ponto cheio de vantagem para o segundo colocado. Em 1974 jogou o Torneio de Candidatos e após vencer o norte-americano Robert Byrne nas Quartas-de-final, perdeu para Anatoly Karpov, na fase Semifinal. Em 1976 participou do Interzonal de Manila (Mequinho foi o campeão com apenas uma derrota e que foi para Spassky ) e terminou em 10º lugar. Mas Spassky jogou o Torneio de Candidatos de 1977, vaga garantida por ter jogado a semifinal com Karpov em 1974. Chegou até a fase Final nesse Candidatos de 1977, após vencer Hort e Portisch, mas perdeu para Korchnoi por 10,5 a 7,5 pontos.
Em 1978, Spassky foi vice-campeão (empatado com o campeão Karpov) no Torneio Internacional de Bugojno. E continou jogando torneios importantes ao longo dos anos e em 1980 volta a jogar mais um Torneio de Candidatos! Impressionante! Quantos, afinal, ele jogou? Um dia vou contar! O que posso contar agora é algo meio inacreditável, mas confesso que é verdade! No encontro com Portisch, pelas Quartas-de-final, Spassky perdeu pelo critério de desempate, já que o match terminou empatado por 7 x 7. Foram doze empates e uma vitória para cada um. E sabe por que Portisch ganhou? Foi a primeira vez que isso aconteceu: por ter ganho sua partida jogando com as negras!
Em 1985, agora com 48 anos, Spassky volta a jogar mais um Torneio de Camdidatos! Não se sai bem, ficando em 6º lugar, um ponto atrás do campeão Artur Yusupov (9/15). E Spassky não parou, continou jogando pelo mundo até que em 1992 encheu o bolso de dinheiro ao jogar a "revanche" com Bobby Fischer! Foi a maior bolsa de todos os tempos da historia do xadrez e continua sendo: 5 milhões de dólares! Fischer ganhou por 17,5 a 12,5 e recebeu 3,35 milhões de dólares e Spassky ficou com 1,65 milhões de dólares.
O último embate de Spassky foi um match contra Korchnoi que terminou empatado em 4x4. Foi jogado em 2009. Korchnoi com 78 anos e Spassky com 72! De 1948 a 2009, 61 anos dedicados ao xadrez profissional, com 2.255 partidas oficialmente registradas, Spassky foi e é um jogador que merece o respeito de todos nós e tem um lugar destacado e já garantido no reino de Caíssa, que demonstra gostar muito dele!
Era uma ótima forma que ele tinha de respeitar o Spassky ao fazer toneladas de exigências, atrasar propositalmente ou mesmo não comparecer.
ResponderExcluirHá que se ter alguma sensibilidade para se perceber a oportunidade de determinados comentários!
ResponderExcluirFernando. Como curiosidade:por acaso tive nas mãos uma das últimas entrevistas de Spassky e a temática não era xadrez! Ele estava se separando da mulher francesa e contou que a justiça da França depenou todas as suas (dele) economias em prol da esposa e filhos. Reclamou que a esposa botou pra vender tudo: livros, jogos de peças, tabuleiros, relógios, troféus! Segundo ele contou ao jornalista, estava voltando para Moscou, onde tem um pequeno apartamento, de bolsos vazios. Tenho um amigo que sofreu o mesmo processo. Então, aviso aos navegantes: - Nunca se case com uma francesa!!!
ResponderExcluirNão me parece ter sido um grande azar Spassky ter cruzado o caminho com Ficher. Que outro adversário teria enchido os bolsos do russo? Tá aí para contar histórias ainda. Que bom. Abs.
ExcluirLamento por nosso Spassky, maa sendo assim, em outra reencarnação já não quero mais casar com a Brigitte Bardod!
ResponderExcluir