Por Rewbenio Frota
Carlsen x Caruaana no Grenke Classic 2018 (Fonte: Chessbase) |
Há
muitos séculos que se movem sobre o tabuleiro as mesmas peças, símbolos de um
antigo tempo hoje quase esquecido. Atrás das peças, porém, nunca são os mesmos
jogadores… mudam sempre… Passam somente alguns anos, e eis que são
completamente diferentes.
Esse
pensamento saudoso surgiu agora, ao observar os nomes dos dois melhores
jogadores de xadrez da atualidade, que em breve disputarão o título mundial:
Magnus Carlsen (Noruega, nº1 do ranking mundial e Campeão do Mundo) e Fabiano
Caruana (EUA, nº2 do ranking mundial e desafiante ao título). A sonoridade dos
nomes, em especial as primeiras duas letras de cada sobrenome, que coincidem…
Ca x Ca, fez-me imediatamente lembrar das iniciais que marcaram as disputas
enxadrísticas por toda a década de 1980 e início dos anos 1990: K, de Kasparov
e Karpov.
Quem
não se lembra dos embates K x K?
Em
cinco confrontos entre eles pela coroa mundial, foram jogadas 144 partidas,
naquela que foi a maior rivalidade jamais vista em esporte algum! Se computamos
o resultado geral de todas as partidas, Kasparov obteve apenas 2 vitórias a
mais que Karpov!
Rivalidades
assim são positivas para o xadrez, pois atraem a atenção do público, sempre
ávido para ver o lado humano que se revela nesses momentos, mesmo no mais frio
dos grandes mestres, angariando a empatia geral.
Desde
2013, Carlsen reina sem grandes rivais. Enfrentou Anand duas vezes, depois
Karjakin, a quem só venceu no desempate (mas sem perder jamais o voto da
opinião pública de que era o melhor do mundo). Seu reinado, porém, carece de um
grande rival, assim como houve um Karpov para Kasparov, um Korchnoi para
Karpov, um Spassky para Petrosian e um Smyslov para Botvinnik. É o rival
valoroso que garante aos grandes campeões um lugar na história.
Caruana
pode ser esse rival!
Ele
é quase dois anos mais jovem que Carlsen, está praticamente empatado com ele no
ranking internacional (a diferença é de somente 3 pontos, 2835 x 2832) e,
embora leve desvantagem no retrospecto contra o campeão, é o jogador da nova
geração que demonstra maior potencial de lhe causar dificuldades mais sérias
(jogadores das gerações anteriores, como Kramnik e até mesmo Aronian, já não
devem ter mais chances).
Ao
contrário do russo Karjakin, desafiante de Carlsen em 2016, Caruana não tentará
apenas se defender para buscar a sorte nos desempates. Ele demonstra maior
ambição e profissionalismo que o russo, e seus resultados recentes comprovam
isso.
Carlsen
continua sendo o favorito, não há motivos para duvidar, mas o que se espera de
Caruana é que esteja à altura do desafio, que traga problemas novos para o
campeão e que não se intimide!
A
nós, espectadores nostálgicos das grandes rivalidades, torcemos para que seja
apenas o primeiro de muitos Ca x Ca.
Como sempre um belo texto... Deixando um gostinho na história desses dois mestres do Xadrez... Vamos a guardar o resultado.
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