quarta-feira, 15 de setembro de 2010

A emoção de Kosminsky




Peço ao leitor uma atenção especial para a leitura do texto abaixo que acaba de me ser enviado pelo Dr. Maurício Kosminsky, de Pernambuco, homem admirável pela sensibilidade e visão humanística sobre o xadrez Para quem ainda não sabe, ele é pai de Ellen Kosminsky, a Caçulinha do Nordeste que esteve em Poços de Caldas participando do Brasileiro Escolar. E foi vindo de lá que Maurício trouxe consigo essa carga de emoção e que você agora vai conhecer:
Caro Fernando
Esse é o Campeoanto Brasileiro Escolar de Xadrez. Ao ver esse bonito espetáculo, cheio de novos talentos, fico pensando na minha adolescência. Naquela época tinha dois idólos, cuja enorme admiração persiste até o momento, Marco Asfora e Luiz Tavares. Frequentava o Clube de Xadrez de Recife, e nas minha fantasias, pensava que um dia poderia jogar no mesmo nivel deles. Esse forte desejo me fez mergulhar profundamente no esporte. Durante essa imersão, aprendi como os livros são capazes de trasnformar as pessoas. Naquela época, não entendia o que iria acontecer após ler e entender o Sistema Solar, resolver uma equação ou conjugar um verbo. Com os livros de xadrez era diferente. A cada página, nitidamente, as peças se movimentavam melhor no tabuleiro, me sentia mais forte e mais próximo de meus ídolos.
O xadrez me ensinou o poder da leitura quando nenhum outro professor de ciência, matemática ou portugês foi capaz de fazer. Aprendi que os livros proporcionavam novas conquistas. Esse aprendizado, trazido pelo xadrez, e influenciado por ídolos, teve uma grande participação em tudo que posteriormente consegui na minha vida profissional.
Por três anos sucessivos ao ver esse ginásio cheio de novos talentos, penso estar diante de alunos que também entendem a força dos livros, e empregarão a leitura para crescer em todas as atividades presentes e futuras. Para a maioria delas, o xadrez iniciou na infância e encerrará no vestibular, mas suas marcas são profundas e eternas. Nesse momento bate uma tristeza porque o espaço ocupado por nossa região é microscópico, estamos debruçados sobre um único tabuleiro, temos dois representantes nessa competição. Gostaria de ver as marcas do xadrez tatuada em mais crianças.
Fernando, faço esse desabafo, porque entendo que nossas lideranças, a Pbpern e todos que acreditam na força do xadrez, têm um papel muito importante nesse momento em que o ocidente se rende a esse esporte. As nossas crianças merecem um futuro melhor. O tempo não retrocede.
Fica minha admiração pela sua batalha.
Maurício.

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