terça-feira, 7 de junho de 2016

O velho gladiador!

Por Fernando Melo

Korchnoi, na cadeira de rodas, ano passado,
jogando uma partida com o alemão Uhlmann
Em uma cadeira de rodas, após sofrer dois derrames, e uma perna paralisada, tudo por conta do coração debilitado, Viktor, o Terrivel, não parou de jogar xadrez. Andei lendo o que Leontxo Garcia escreveu sobre ele, ao longo dos anos. É um verdadeiro arsenal de informações sobre esse velho gladiador!

Em fevereiro deste ano, em Zurique, o alemão Frederic Friedel, editor do ChessBase, esteve com o casal Korchnoi, e encontrou Viktor bastante debilitado."Quando ele me viu, conta Friedel, ele simplesmente sorriu e deu de ombros Petra, que é um pár de anos mais velha, ao me ouvir comentar sobre a fraqueza de Viktor, ela me disse: "Eu só espero que ele morra antes de mim, Frederic: "Por quê? eu protestei. "Porque eu não sei quem poderia cuidar dele , se eu me for".

Como podemos perceber, existe muitas informações sobre a vida de Korchnoi, dentro e fora do tabuleiro. São muitas e aos poucos vamos, dentro do possível, trazendo aos nossos leitores. Tenho o mais porfundo respeito por Korchnoi e confesso ter sofrido ao sabe de sua morte. Mas sei que ele viveu intensamente seus dias. Como acredito na reencarnação, sei que seu espirito está vivo e logo logo ele estará de volta.



6 comentários:

  1. Há um livro aqui em casa, das "antigas", impresso nos anos 80, chamado "Como Jogar Bem Xadrez (Leonard Barden)", no qual o Viktor escreveu o prefácio. O homem foi um verdadeiro guerreiro desde dos seus 12 anos. Li ontem aqui que ele aprendeu xadrez aos 8, mas se não me engano, nesse livro, é dito que ele aprendeu o movimento das peças aos 12, e nunca teve o talento natural como a maioria desses "Mozarts do xadrez", conseguiu tudo no meio da mais pura luta. Tanto que quando ele finalmente conseguiu desafiar o campeão, que era Karpov, ele já tinha perto de 40 anos de idade. O próprio autor do livro escreve sobre isso com um entusiasmo gigante, já que nas palavras dele, essa é a idade em que a capacidade de cálculo de variantes do ser humano já começa a cair drasticamente, que profissionais vão buscando "atividades menos estressantes", mas ali estava Viktor, um "coroa" contra todas as chances, contra o campeão que era mais de 10 anos mais novo que ele, desprovido de sentimentos de medo, raiva ou desespero.

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    1. As palavras desse autor realmente precisam ser revistas. A história tá cheia de exemplos de gênios revelados após os 40, até 50 anos. Na matemática inclusive tá cheio de exemplos de lordes que iam estudar subsidiados pelos pais e se completava com jogos, bebidas e mulheres até serem descobertos pela ciência bem mais velhos. Agora concordo que a resistência aos finais da partida possa pesar, devido as muitas horas e até do próprio estresse mental, mas os cálculos, ao contrário ficam até mais sólidos, pois outros fatores que antes atrapalhavam, tais como impulsividade, são melhores dominados na boa idade. Era o que gostaria de registrar. Obrigado. Zirpoli.

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  2. Para muitos Korchnoi atingiu o seu auge nos últimos anos da década de 70. O seu match nas Filipinas, em 1978, foi uma das suas mais destacáveis produções. Não venceu, mas apaixonou o mundo com o seu espírito de luta incansável, de uma energua juvenil atemporal! Um belo exemplo para os que se acham velhos após os 30, 40, 50, 60, 70 anos...

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  3. Korchnoi venceu Caruana em 2011, no aberto de Gibraltar!!!! O ítalo-americano já beirava os 2730 de rating...

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  4. Nesse mesmo livro de Barden existe uma passagem muito interessante, salvo melhor juízo no prefácio, onde o próprio Korchnoi relata, que em certa oportunidade, apontou para a estante repleta de livros, indicando ao seu filho que fosse estudar, antes de poder jogar uma partida com ele. El terrible!

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  5. Nesse mesmo livro de Barden existe uma passagem muito interessante, salvo melhor juízo no prefácio, onde o próprio Korchnoi relata, que em certa oportunidade, apontou para a estante repleta de livros, indicando ao seu filho que fosse estudar, antes de poder jogar uma partida com ele. El terrible!

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