quinta-feira, 17 de março de 2016

Bobby Fischer: a minha utopia!

Por Fernando Melo

     Só agora caiu a ficha: terminou o VII Memorial Bobby Fischer 2016 e pela reação de muitos participantes, foi mesmo um sucesso. Eu queria muito que esse torneio terminasse assim. Era importante, pois algo precisava acontecer para que o diretor dessa prova, Fernando Sá de Melo pudesse olhar no espelho e dizer: valeu a pena! Sim, porque sem ele, não teríamos este Bobby Fischer, o melhor em todas as sete versões. Este reconhecimento eu tenho e fico tranquilo. Ao longo dos meses que anteciparam o 11/13 deste mês de março , eu conversei muitas vezes com Fernando Sá sobre o evento. Vivemos cada minuto desse longo tempo, pensando em muitas situações e uma das mais fortes preocupações era exatamente o salão dos jogos. Porque um dos pontos marcantes é exatamente o conforto e o bem estar dos jogadores. Eu sinto agora que tudo correu bem e o grande vitorioso foi o xadrez brasileiro.

     Mas estou escrevendo esse artigo para dizer também que sou um eterno sonhador. Um homem que sonha é um ser que vive sob o forte impacto da paixão. Eu sempre acreditei no Grande Mestre norte-americano Bobby Fischer, desde a década de 50, quando ele começava a surgir como um fenômeno em sua pátria. Tenho um irmão que me dizia naquele tempo: esse garoto um dia vai ser campeão do mundo! Dentro dessa linha de raciocínio, queria lembrar aqui uma passagem de uma palestra proferida pelo escritor uruguaio Eduardo Galeano e o diretor de cinema argentino Fernando Birri. A certa altura, um estudante  da plateia perguntou a Birri:

      - Para que serve a utopia?
      E a resposta, segundo Galeano, foi admirável.
    Disse Birri: - "A utopia está no horizonte e eu sei que nunca a alcançarei. Se eu dou dez passos, ela se afasta dez passos. Quanto mais eu tento buscá-la, menos eu a encontrarei, porque ela vai se afastando à medida que eu vou me aproximando. Boa pergunta, não? Para que serve a utopia? Serve para caminhar!".  

     Então, a minha utopia é a convicção de que o Memorial Bobby Fischer tenha mais versões. E peço a todos os enxadristas que estiveram neste último, no Littoral Hotel, que acreditem no espírito de luta de Fernando Sá, desejando que ele volte a dirigir esse torneio em 2017. A caminhada continua!

8 comentários:

  1. Tá bonito o texto! Aqui pra nós, eita pai coruja! É o filho que você, Fernando,
    pediu a Deus. Agradeça a ELE porque seu pedido foi atendido. Agora, não se preocupe.
    O Fê Sá só não vai dirigir o BF 2017, se na época, ele for convidado pra jogar um
    torneio com o Carlsen. E o melhor, o Bobby Fischer não é a sua utopia, é a sua
    realidade que vai além do horizonte.

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  2. Quando criança, minha rua tinha um "doidim" (creio que todas ruas tinham o seu) ... era a alegria da molecada. Quando aparecia, todos corriam para brincar e "bulir" com ele. Conversava muito também, contando estórias fantásticas, todas inventadas. Acho, Fernando, que você tem um pouco daqueles "doidins" de antigamente ... idéias fixas, fanático, passional, visionário, vive "inventando" coisas e, quando aparece, a "molecada" vem brincar/jogar xadrez. O bom é que algumas de suas "invenções" funcionam mesmo, como os Memoriais Bobby Fischer. Um grande abraço! (Dom Quixote também era um "doidim"!)

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  3. Céu e Ivson, vocês sempre me dando xeque!

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  4. Mestre Ivson! Você tem razão, na minha rua tinha um "doidim". Eu tinha de 10 para 12 anos, ainda na década de 50! O nome dele era Lourival Cirino de França, conhecido também por "Seu Lemos", mas a molecada gostava mesmo de chamar o bom Lourival de "Baiacú", em homenagem àquele peixe. Seu Lemos era uma espécie de inventor e viviamos a época da conquista espacial, com Gararin na crista da onda. Pois bem, e não é que um dia Seu Lemos disse para molecada que ia impinar um Sputink no campo do Liceu. Veio moleque de toda redonzeza para ver e assitir o lançamento da pipa de Seu Lemos. Eu estava lá também. Até que a pipa começou a subir para alegria e alvoroço da molecada, mas eis que a pipa começa a perder altura e o Sputinik vemn abaixo. O curioso é que Seu Lemos havia desaparecido. Uma dupla tragédia: a queda do Sputinik e o desaparecimento do seu inventor. Onde estava Seu Lemos? Lá embaixo, numa fossa desdativada. Ele, ao controlar a pipa nas altura, começou a andar de costas e não viou a fossa desativada... A molecada não aguentou a cena, e ouviu-se uma gargalhada sonora. Eu, confesso, não achei graça nenhuma e desci no buraco para salvar Seu Lemos. Algumas escoriações nos braços e nas pernas, mas estava bem de saúde. No outro dia ele mandou me chamar. Éramos vizinhos, na Camilo de Holanda, umas três ou quatro casas nos distanciava. Fui e ele me deu o Sputinik de presente. Não preciso dizer mais nada...Nunca mais esqueci de Seu Lemos, esse "doidin" genial.que no terraço de sua casa gostava de falar de historia geral.

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  5. Pois é,Fernando ... todos têm seu "doidim" de estimação!

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  6. Estão de parabéns pelo excelente evento! Sugestão para o próximo: alem do aberto, um torneio fechado para norma de MI durante o evento, em horário diferente para que os demais possam assistir. Com transmissao on line.
    Um torneio escolar no sábado anterior com os vencedores de cada categoria/idade ganhando vaga no Open.Escolar Bobby Fischer!
    O que acham?

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  7. Olá, Resende! Muito grato pelas congratulações ao VII Bobby Fischer e pelas atrativas sugestões. Talvez, quando (e se) o evento vier a ter uma retaguarda mais profissionalizada, essas ideias possam avançar. Por ora, ele é visto fundamentalmente como uma produção da Família Melo, feita no "peito e na raça", como costumamos dizer, motivada sobretudo pelo romantismo de quem faz xadrez pela paixão. Por isso, apesar de zelarmos sem medida pela boa organização do evento, não temos condições técnicas, nem reserva de energia suficiente, para termos competições concomitantes de tão grande importância, como as sugeridas. Contudo, já fizemos incursões ousadas em busca de apoios mais profissionais para o evento, ainda sem respostas definitivas. Se aliado a isso, entidades como a própria CBX e a FPBX estiverem interessadas em, somando esforços, fazer dos Memoriais futuros uma espécie de Festival de Xadrez, com atividades paralelas ao Open, estamos dispostos a dialogar e a contribuir, em prol de tornar o Memorial Bobby Fischer uma marca enxadrística cada vez melhor. Vamos em frente!

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