Tenho cá para mim que Fernando Melo está
feliz, muito feliz, bastante feliz! Ele certamente haverá de perdoar esse
plágio do seu jeito particular de descrever a intensidade de um adjetivo nos
seus textos. É porque, só assim, para tentarmos capturar o sentimento que há de
lhe ter dominado, após a conclusão dessa obra sobre o ex-campeão mundial de
xadrez, o genial norte-americano Bobby Fischer!
E antes de explicar a razão dessa felicidade,
devo primeiro dizer algo mais. Diz-se que o homem, na sua vida, deve plantar
uma árvore, ter um filho e escrever um livro... Essa frase talvez permita
interpretações das mais diversas, dentre as quais, provavelmente, aquela que a
toma em seu sentido literal. E se assim fizermos, ao menos no que diz respeito
a escrever um livro, Fernando Melo não teria ainda cumprido a sua missão entre
nós, mesmo já tendo escrito, não apenas um, mais muitos outros livros, sobre
temas dos mais diversos. Faltava um! Faltava um livro sobre xadrez! E,
sobretudo, faltava um livro sobre Bobby Fischer!
Ele agora chega nas mãos dos leitores,
notadamente do público enxadrístico, para se somar ao repertório de publicações
de Fernando Melo, que, assim como fez nos seus romances, nos enredos policiais,
nas biografias de personalidades paraibanas marcantes, traz seu estilo
jornalístico livre, irreverente, que não se rende aos rigores de uma erudição
indesejada.
Não é difícil perceber nas entrelinhas dos
seus escritos, a paixão que o motiva! Fernando Melo é, sem dúvida, um sujeito
movido pela paixão! Por isso mesmo, com a mesma energia intensa com que se
dedica a um projeto, pode muito bem descartá-lo, sem cerimônia, se algo irrompe
em seu caminho, trazendo-lhe frustração. Até mesmo o xadrez foi alvo das suas
idas e vindas, mas a Deusa Caíssa, diligente, não desejou que um súdito assim,
tão intensamente apaixonado pela sua nobre arte, dela se afastasse em
definitivo.
E assim o xadrez, desde sempre, se fez, e se
faz, presente na vida de Melo e de sua família, que além de mim, seu filho
caçula, tem no seu primogênito Sílvio, meu irmão, e na sua dedicada esposa Ana,
minha querida mãe, seguidores dessa magia do jogo dos reis, que tanto nos une e
nos fascina! A “febre”, inclusive, não cessa! Melo haverá de ficar radiante ao
ler estas linhas e saber que seus netos (meus filhos) já demonstram um notório
interesse pelo xadrez, mais além do que o simples brincar! Daniel (10 anos)
“quer ser Bobby Fischer” e Maria Rita (6 anos) “quer ser Judit Polgar”
(indiscutivelmente a maior representante do xadrez feminino da história!).
Tal intensidade na vivência do xadrez ganhou
especial força nos últimos oito anos, em função da criação, por Melo, do blog
Reino de Caíssa, que, desde então, traz postagens quase que diárias sobre o
universo das 64 casas, seja a nível local, nacional ou internacional. O
endereço na internet já rompeu a casa de um milhão de visitantes desde o seu
início em 2009 e é, certamente, um dos espaços sobre xadrez mais prestigiados
na internet brasileira.
E sabe qual o tema mais recorrente de
matérias no blog? Não seria difícil para o leitor curioso, numa breve pesquisa
por lá, descobrir que o campeão de postagens é ele: Bobby Fischer! Até mesmo
eu, que durante um certo período assumi a titularidade do blog (hoje Melo e eu
dividimos a editoria da página) não me furtei, vez por outra, de reverenciar o
eterno ex-campeão mundial americano, principalmente nos momentos de promover o
principal evento do calendário enxadrístico da Paraíba, cujo nome, claro, não
poderia ser outro: Memorial Bobby Fischer, também uma criação de Melo, que hoje
tem status de Aberto do Brasil e desfruta de grande aceitação em todo o país
(em 2017, o evento chega a sua 8ª edição).
Alguém pode estar pensando: ora, os filhos só
celebram Bobby Fischer assim, influenciados pela paixão do pai por ele! Pode
até ser, mas, no meu caso, tenho um precedente que me favorece. Numa família de
vascaínos (meu pai, minha mãe e meu irmão), tive a sorte de sair flamenguista,
o que mostra talvez um pouco de minha autenticidade!
Irreverências à parte, o fato é que não
parece muito árduo notar em Fischer uma genialidade que lhe fez único! Se até
mesmo nomes como Kasparov e Carlsen dão depoimentos nos quais podemos perceber,
sem muito esforço, o reconhecimento de Fischer como o maior enxadrista de todos
os tempos, parecem de menor relevância quaisquer opiniões em sentido diverso...
A propósito, mesmo conhecendo os grandes
feitos de Fischer, não é raro encontrar-me impressionado novamente ao reler
suas proezas, como, aliás, aconteceu quando lia este livro de Fernando Melo.
Confira você mesmo, leitor! Deguste as
próximas páginas e se aperceba da grandeza de Bobby Fischer!
E não se preocupe, achando que vai encontrar
passagens exaustivas sobre a vida do americano genial. Nota-se com facilidade
que não foi o propósito de Fernando Melo escrever uma biografia completa do
saudoso ex-campeão mundial. A obra está perfeitamente delimitada apenas
naqueles que, para o autor, foram os momentos mais intensos da carreira
enxadrística de Fischer, com ênfase maior no seu significado para o xadrez e
menos tinta nas suas idiossincrasias ou personalidade polêmica.
Sob alguns títulos bem criativos, os
capítulos retomam a campanha do americano em todos os torneios de relevo de que
participou, amparados em uma investigação de cunho jornalístico, que buscou
contribuições de alguns dos principais autores sobre Fischer.
Com números que realçam os seus feitos,
reprodução de comentários de especialistas e jogadores da época (muitos dos
quais seus rivais russos), além, é claro, de partidas célebres selecionadas de
Fischer, o livro de Melo, na sua linguagem que lhe é peculiar, há de agradar ao
seu público, quem sabe contribuindo para despertar neste também uma admiração
especial por aquele que, estamos nós convencidos, foi o maior enxadrista da
história!
Fernando Melo agora é autor, portanto, de um
livro sobre Bobby Fischer, o Escudeiro de Caíssa! Eis aqui a razão de sua
felicidade!
João Pessoa 26 de dezembro de 2016
Fernando
Sá de Melo
Coeditor do Blog Reino de Caíssa
Obrigado, meu filho! Tudo é verdade. Fischer deu dignidade ao Xadrez, mostrando sua importância ao mundo, Daí se dizer que esta arte de Caíssa se divide em duas fases: antes e depois de Fischer!
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