sábado, 12 de novembro de 2016

Lições da 1ª partida

Por Fernando Melo

A primeira partida do Mundial 2016, entre Magnus Carlsen (NOR) e seu desafiante Sergey Karjakin (RUS) teve mais de 4 horas de jogo, 42 lances, um empate. Valeu ter acompanhado pelo site Chessbomb.com. Algumas surpresas no decorrer da partida. A começar pelo pouco usual 1.d4 Cf6 2.Bg5... que caracteriza a Abertura Trompovsky. Carlsen tinha usado eu seu repertório  raras vezes, mas certamente não causou tanta supresa ao seu adversário.

Quando vi os peões negros da ala do rei quebrados, contra os brancos inteiros, logo pensei que estava ali o caminho para vitória de Carlsen. Puro preconceito! Para o iniciado até pode ser uma vantagem, mas para eles, não é não! Karjakin nos deu essa lição, rocando com a coluna ´g` aberta. Ele sabia que Carlsen não tinha como explorar essa "debilidade".

Veja então o diagrama ao lado. Karjakin acaba de rocar no movimento 9, com a sua ala do rei escancarada. Carlsen roca em seguida no movimento 10. Ao longo da partida, quando as brancas tinham torre e cavalo, contra torre e bispo, e peões iguais, voltei a pensar: se Carlsen troca as peças, com essa estrutura de peões ele ganha. Coisa nenhuma!

Dois momentos que me chamaram a atenção. O jogo já estava adiantado e lá pelo movimento 30, notei que as duas torres, apesar de estarem em colunas abertas, não tinham ação contra o rei adversário, ou seja, não aproveitavam a coluna para invadir o campo inimigo. O outro movimento foi tentar descobrir quem era melhor na partida: o cavalo de Carlsen ou o bispo de Karjakin? No mais, gostei da maneira como eles administraram o tempo. Pensam à vontade, exploram todos os minutos possíveis. Às vezes a resposta parece obvia, eles vão dar o lance que você espera, mas pensam muito antes de completar. No final da tarde de hoje, vamos ter a segunda partida. Aguardamos mais emoção!   Agora vamos ver a partida, lance a lance:

Carlsen - Karjakin - 1ª Partida - Mundial 2016 - 11/11/16 -  Abertura Trompvosky - Nova York - EUA - 1.d4 Cf3 2.Bg5 d5 3.e3 c5 4.Bf6 gf 5.dc Cc6 6.Bb5 e6 7.c4 dc 8.Cd2 Bc5 9.Cgf3 0-0 10.0-0 Ca5 11.Tc1 Be7 12.Dc2 Bd7 13.Bd7 Dd7 14.Dc3 Dd5 15.Cc4 Cc4 16.Dc4 Dc4 17.Tc4 Tfc8 18.Tfc1 Tc4 19.Tc4  Td8 20.g3 Td7 21.Rf1 f5 22.Re2 Bf6 23.b3 Rf8 24.h3 h6 25.Ce1 Re7 26.Cd3 Rd8 27.f4 h5 28.a4 Td5 29.Cc5 b6 30.Ca6 Be7 31.Cb8 a5 32.Cc6 Re8 33.Ce5 Bc5 34.Tc3 Re7 35.Td3 Td3 36.Rd3 f6 37.Cc6 Rd6 38.Cd4 Rd5 39.Cb5 Rc6 40.Cd4 Rd6 41.Cb5 Rd7 42.Cd4 Rd6 (1/2-1/2)

3 comentários:

  1. Octávio Figueira Trompowsky de Almeida (Rio de Janeiro, 30 de novembro de 1897 — Rio de Janeiro, 26 de março de 1984) foi um enxadrista brasileiro, criador da Abertura Trompowsky, que já foi utilizada inclusive por Garry Kasparov. Foi campeão brasileiro em 1939 e defendeu o Brasil em duas olimpíadas de enxadrismo. É autor do livro Partidas de Xadrez.

    Trompowsky empatou com Alekhine na olimpíada de 1939, em Buenos Aires. Na última rodada, enfrentou Capablanca, sendo esta a última partida de torneio do mestre cubano.

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  2. O amigo Petrov deve estar sorrindo, porque ele utiliza com certa frequência esta abertura.Esse primeiro confronto demonstra a profunda preparação que tiveram,pois não me pareceu que o Karjakin fosse surpreendido! Pelo contrário, optou em lutar pelo centro com o lance 2..d5, mesmo com o risco dos peões dobrados, mas tinha a certeza que a falta do par dos bisbos das brancas lhe dava compensação. Um bom jogo.

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  3. Verdade, o nosso presidente Petrov é um trompowskyano de primeira! Quando o Mestre Dantas fala, tá falado! Boa análise, em poucas palavras!

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