quinta-feira, 18 de agosto de 2016

A moral do xadrez!

Por Fernando Melo

Benjamin Franklin foi um jornalista, editor,  autor, filantropo, abolicionista, funcionário público, cientista, diplomata, inventor e enxadrista estadudinense! Ele nasceu em Boston (Massachustes) no dia 17 de janeiro de 1706 e faleceu no dia 17 de abril de 1790, aos 84 anos.

Confesso ter ficado impressionado com o artigo que ele escreveu, sob o título - A moral do xadrez -, publicado pela primeira vez no Columbian Magazine, em dezembro de 1786. A certa altura, deste longo artigo. ele diz:

"O jogo do xadrez não é meramente uma diversão ociosa. Muitas valiosas qualidades da mente, úteis no decorrer da vida humana, são adquiridas ou reforçadas por ele, de forma a se tornarem habituais, disponíveis a qualquer momento. Pois a vida é uma espécie de xadrez, no qual muitas vezes temos pontos a ganhar, e competidores ou adversários para enfrentar, e onde há uma ampla variedade de fatos bons e ruins que em certa medida, são os efeitos da prudência, ou da sua falta. Através do jogo de xadrez, entao, nós podemos aprender o seguinte:

I - Previsão: olhar um pouco para o futuro e considerar as consequências que podem aguardar determinada ação. Pois ocorre continuamente ao jogador a seguinte reflexão: 'Se eu mover esta peça, quais serão as vantagens da minha nova situação? Qual a utilidade que o meu adversário poderá obter com esta última para me causar problemas? Que outras movimentações posso fazer para dar apoio àquela jogada, defendendo-me do ataque dele?' 

II - Circunspeção: observar todo o tabuleiro, ou o cenário da ação, as relações e situações de cada peça individualmente, os perigos aos quais elas estão expostas, as várias possibilidades de se ajudarem mutuamente, as probabilidades de o adversário poder fazer esta ou aquela jogada, e atacar esta ou aquela peça. E que diferentes meios poderão ser usados para evitar esse ataque, ou fazer com que as consequências do mesmo se voltem contra seu autor.

III - Precaução: não realizar nossas jogadas muito apressadamente. Adquirir-se melhor este hábito quando se observam estritamente as leis do jogo, tais como 'se alguma peça for tocada, ela necessariamente deverá ser movida para algum lugar, e se ela for colocada em algum lugar, deverá ser deixada ali'. Por isso, é melhor que essas regras sejam observadas à medida que o jogo se torna cada vez mais a imagem da vida humana, e particularmente da guerra; onde, se ocuparmos inadvertidamente alguma posição ruim e perigosa, não teremos permissão do inimigo para retirar nossos soldados e colocá-los em maior segurança, mais sim, teremos de arcar com todas as consequências da nossa precipitação".

Grande Benjamin Franklin! Essa visão, que parece atual para os iniciantes e iniciados do xadrez, é de 230 anos atrás! Chamamos a atenção dos leitores deste blog para considerar esses ensinamentos de Benjamin Franklin. O citado artigo pode ser encontrado  no livro O Jogo Imortal, de David Shenk, da Editora Zahar, ou,  facilmente, na internet. Vale conferir!

3 comentários:

  1. Acabei de imprimir o texto completo dele, para sempre ficar visível na minha mesa.

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  2. Fernando Melo eu não conhecia este texto. Escrito há 230 anos atrás mostra a visão de um dos grandes gênios da história sobre o xadrez. Sensacional!

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