Olá, caros leitores do Blog Reino de Caissa. Dia desses estive na casa do Mestre Fernando Melo e “me convidei” para divulgar alguns textos no blog. Argumentei que o Reino de Caissa era um canal já consolidado, muito importante para a divulgação do xadrez e que eu poderia dar minha contribuição. Convite aceito. Vamos à primeira tarefa.
Analisarei algumas capivaradas que
cometi. Por serem partidas próprias, tentarei descrever o processo mental que
me levou a cometer tais erros. E, de quebra, talvez consiga exorcizar esse
simpático animal que insiste em habitar meu espírito!
Começo com a partida que joguei
contra o MN Luiz Tomaz, na final do Campeonato Paraibano de 2019. Eu estava de
brancas.
Depois de 18. … - Dg4, seguiu-se 19.
g3 – Ch5. (Diagrama abaixo).
Apesar da quantidade de peças negras
apontadas para o meu rei, entendi que minha posição era sólida, pois não
existia sacrifício em g3 e que Cf4 era inútil. Posteriormente, o engine
confirmou minha impressão e chegou a apontar 20. Db5 como melhor lance.
Mas veja bem, caro leitor, eu estava
jogando contra um adversário agressivo e com fino senso tático. Então meus
olhos só viam a defesa. Por isso joguei:
20. Cd2 …
Fustigando a torre, para depois
jogar Df3, com posição equilibrada. Mas eis que…
20 … - Cxg3
Tem boquinha não!! Vai ter
sacrifício sim, senhor!
E agora?? Sou obrigado a aceitar o
sacrifício, mas tomar o cavalo com qual peão? Esse foi o meu dilema. O que você
faria? Enquanto você pensa, vou
descrever o que se passou comigo.
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Encontrei uma linha que refutava o
sacrifício. Estava na minha frente, límpida. Mas tinha de ceder 02 peões pela
peça. Aí, sem nenhuma análise concreta, fiz a seguinte analogia: ora, tenho de
ceder 02 peões se tomo o cavalo por esse lado; pelo outro, dou apenas um. Então
vou tomar pelo lado que cede menos. Olha como a avareza se manifestou. Seguiu:
21. hxg3? - Te3! 22. Tae1 – Td3 23. Te8 – Bf8 e depois de alguns lances de
esperneio, abandonei.
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A essa altura você, caro leitor, já
sabe que o correto teria sido tomar o
cavalo com o peão de f. E a linha completa? Já encontrou? Ei-la:
21. fxg3 – Te3 22. Df5 – Tg3
23. Rh1! Essa é a grande
diferença em relação à outra variante. O rei tem esse abrigo, pois está
protegido pelo peão h. Então seguiria 23. … - Df5 24. Cf5 – Tg6 e não há compensação suficiente
pela peça.
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Lá pelas 11:00, ainda curtindo a
ressaca da derrota, mandei um zap para o Vice-presidente da FPBX, Genildo
Gomes: “- Mestre, hoje fui vítima do pecado da avareza!”
Gostei da matéria! Acontecem coisas bem engraçadas no xadrez. Eu mesma já fiz um roque com a dama no lugar d rei. Mas, meu adversário foi bonzinho e deixou que eu continuasse a partida. Também ele já sabia que ia ganhar, rsrsrs. Outra vez eu transformei meu cavalo branco num cavalo alado. Na ânsia de tomar a dama adversária, coloquei meu cavalo numa casa que atacava o rei a dama e a torre. Que decepção, rsrs. Errei o pulo do cavalo. Ele estava numa casa um pouco atrás e não poderia fazer o ataque triplo. Essa partida foi com o nosso amigo Alexandre César e ficamos chamando esse lance de cavalo voador. Continue divulgando seus textos Marcello. Com certeza serão bem aceitos! Sou leitora deste blog e do Batalha de Mentes. Céu
ResponderExcluirEu,como seu "algoz",só tenho a dizer que a batalha enxadrística não se resume a técnica: tem o psicológico, o nível de preparação técnica, o cansaço mental e físico (evidente para min durante a partida devido o torneio cansativo que o senhor jogara anteriormente), pressão do relógio, histórico anterior, ambiente... Muitas capivaradas no xadrez acontecem devido a nossa natureza como seres humanos: não somos máquinas, não somos perfeitos, temos capivaras que adormecem e nossas almas e resolvem acordar no momento mais inoportuno, mas é justamente isso que faz a batalha ser tão interessante. Nesse caso, o cansaço fez a capivara acordar. Em qualquer outra situação, o resultado seria muito diferente. Um abraço mestre! MN Luiz Tomaz
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