
Já vimos, ao longo dos anos alicerçado pela experiência, que muitos jovens saindo da adolescência, desenvolviam um conhecimento enxadrístico, prático e teórico, bem acima da média. Citaremos, a título de ilustração, cinco nomes, aqui da Paraíba, que nos chega à lembrança neste instante: Frank Lins, Ivson Miranda, Francisco Cavalcanti, Fernando Sá e Ítalo Matias. Pelo que eles fizeram à época, as conquistas que tiveram então, e a bela presença no tabuleiro, certamente teriam conquistado o título de Grande Mestre. Mas cada um deles tomou o seu destino e apenas um, lutando contra todos os obstáculos, conseguiu avançar um pouco ao conquistar o título de Mestre FIDE, o primeiro da Paraíba. Seu nome é Francisco Cavalcanti que hoje vive, profissionalmente em função do xadrez, como professor e coordenador do projeto Xadrez nas Escolas da Prefeitura Municipal de João Pessoa. Os outros quatro não têm o xadrez como profissão e são pouco competitivos em torneios fechados ou abertos.
E o que acontece com os da geração de hoje? Podemos citar três jovens: Doriedson Lemos, Arthur Olintho e Daniel Meira, sendo que este último (14 anos) tem uma vantagem, quando se pensa no futuro, e essa vantagem é a pouca idade e o apoio sistemático de sua mãe, que participa ativamente das alegrias e tristeza do filho. Temos que reconhecer que a Federação Paraibana de Xadrez , através da Organização Reino de Caíssa, deu sua valiosa contribuição à performance desses três enxadristas, proporcionando torneios valendo rating FIDE, o que não havia até dois anos atrás na Paraíba. Mas isso ainda é muito pouco para que esse três jovens conquistem o que eles merecem.
Mas sejamos realistas: tudo isso que hoje acontece, ou seja, as facilidades de se estudar xadrez, as facilidades de comunicação, os sem números de torneios, tudo isso é pouco quando não se investe na base. Vimos crianças num torneio escolar semana passada, que poderiam ser treinadas por enxadristas competentes, mas pelo que podemos avaliar hoje, elas não terão o apoio que deveriam ter por falta de compreensão e visão, e até mesmo de vontade dos responsáveis para que eles possam ter essa formação enxadrística. Constatamos, por fim, que esse é um trabalho árduo, de formiguinha, até que um dia se desperte a consciência do que vem a ser o verdadeiro significado do Xadrez na formação e na felicidade dos jovens.