(Matéria originalmente publicada no
Jornal A UNIÃO, em 17 de maio de 1979)
Não adianta erguer mastro sem
bandeira
Aproveitando o ânimo que toma
conta dos enxadristas pessoenses, ao final de mais uma Campeonato Paraibano e o
surgimento de um novo torneio a partir da próxima semana, quando se homenageará
o Jangada Clube, conforme registramos ontem, quero dizer, mais uma vez, a
necessidade de pensar no Clube de Xadrez da Paraíba.
Todos sabem da atenção que
presta, prestou e prestará esta coluna ao entusiasmo do Presidente Abdias Sá, à
frente da Federação Paraibana de Xadrez. Isto é um fato conhecido e não devemos
nos alongar. Todavia, no último domingo, data
venia, o CXP foi considerado pelo Presidente da FPX como uma questão
encerrada.
Dizia Abdias que não existe a
menor condição de se manter um Clube de Xadrez com exclusiva participação dos
sócios, mas que os clubes sociais tinham suas portas abertas para que o xadrez
tivesse sua movimentação.
Uma primeira análise desse
raciocínio leva a crer que pensa certo o nosso Presidente. A campanha não é de
hoje, vem se arrastando por muito tempo. Nada de objetivo se concretizou em
termos de permanência. Hoje, a situação fica cada vez mais difícil. Os passos
cessaram e as vozes silenciaram. Não há como reivindicar um direito se não
existe quem queira se beneficiar desse direito. Esse quadro estranho que se
pinta no nosso xadrez é uma realidade.
O pouco que se fez em termos
de se popularizar o xadrez da Paraíba, ficou reduzido a uma meia de enxadristas
que nada querem em termos de trabalho, dedicação e empenho pelo direito de conquistar.
Preferem viver em casa alheia, usufruindo das benesses do estilo pequeno
burguês, ao sabor de televisão colorida, poltronas confortáveis e piscinas aconchegantes.
Talvez o nosso xadrez venha a tomar o lugar do tênis que se praticava em João
Pessoa, até pouco tempo, quando uma igrejinha
era senhora de toda a quadra. O que vemos hoje é um tênis se popularizando,
abrindo caminhos para que todos possam praticar o ex-esporte branco.
Entendo que Abdias Sá,
vendo-se sozinho, cansado de esquematizar planos infrutíferos por falta de
espectadores, tenha compreendido que o melhor mesmo seja se contentar com o que
já temos. Me parece uma acomodação provocada pelas decepções, nunca pela
vontade de acertar. Daí porque trago essas palavras no sentido de mostrar que
não devemos desanimar de uma vez por todas, passando uma esponja num clube que deve
existir, ser forte e se edificar com o esforço de seus filiados.
Portanto, nada mais resta do
que continuar gritando no deserto para que uma dia essa voz seja ouvida, não
pelos poderes públicos, mas pelos próprios enxadristas, responsáveis diretos
pelo desenvolvimento do nosso xadrez. A eles, somente a eles, cabe o direito de
reivindicar o que lhes falta. Estou disposto a voltar a este assunto, mostrando
inclusive o que se deve fazer para que o Clube de Xadrez da Paraíba não seja
arquivado, porque se isto acontecer não teremos mais interesse em continuar
usando o nosso tempo em soerguer um mastro sem bandeira.
O PMA = Projeto MACHADO DE ASSIS faz parte do sonho de termos um xadrez voltado para a cultura de nosso povo. Se até hoje não conseguimos fundar o Clube de Xadrez da Paraíba, nm por isso perdemos a esperança. Podemos buscar no PMA novos caminhos, de forma mais ambiciosa, em favor da educação de nossa juventude. Agradeço a Fernando Sá e o parabenizo pela determinação em mostrar que o sonho não acabou e que não estamos esquecidos pelo muito que fez o nosso saudoso Abdias Sá, em defesa do xadrez paraibano!
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