Brasileiro de Sêniors 2012
Xadrez e Poesia
Pela primeira vez na história dos campeonatos brasileiros, vamos ter uma Súmula que prestigia a poesia nacional, mais particularmente a paraibana. A ideia é do diretor deste evento, o professor e arbitro regional Klebber Maux Dias, que assim homenageia seis poetas de expressão regional e nacional, como é o caso de Antonio Bento de Araujo Lima, Augusto dos Anjos, Fernando Baltar, Jansen Filho, Jessier Quirino e Severino de Andrade Silva (Zé da Luz).
Abaixo um modelo do verso da Súmula. Cada poeta será lembrado em cada rodada. Todos os jogadores, ao final do Campeonato, vão receber um pasta com as súmulas de suas partidas, devidamente preenchidas e assinadas, pelo árbitro. (OBS: Falta a foto de Augusto, que consta na súmula original).
Pela primeira vez na história dos campeonatos brasileiros, vamos ter uma Súmula que prestigia a poesia nacional, mais particularmente a paraibana. A ideia é do diretor deste evento, o professor e arbitro regional Klebber Maux Dias, que assim homenageia seis poetas de expressão regional e nacional, como é o caso de Antonio Bento de Araujo Lima, Augusto dos Anjos, Fernando Baltar, Jansen Filho, Jessier Quirino e Severino de Andrade Silva (Zé da Luz).
Abaixo um modelo do verso da Súmula. Cada poeta será lembrado em cada rodada. Todos os jogadores, ao final do Campeonato, vão receber um pasta com as súmulas de suas partidas, devidamente preenchidas e assinadas, pelo árbitro. (OBS: Falta a foto de Augusto, que consta na súmula original).
LJHFDB
CITIUS - ALTIUS
- FORTIUS LJHFDB
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Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos,
nasceu no Engenho Pau d'Arco, Paraíba,
no dia 20 de abril de 1884. Aprendeu com seu pai, bacharel, as primeiras
letras. Fez o curso secundário no Liceu Paraibano. Em 1903, matricula-se na
Faculdade de Direito do Recife. Ali teve contato com o trabalho "A Poesia Científica",
do professor Martins Junior. Casou-se, em 04 de julho de 1910, com Ester
Fialho. Prematuramente morre seu primeiro filho Em 1911. Foi representativo do
espírito sincrético que prevalecia na época, parnasianismo por alguns aspectos
e simbolista por outros. Cético em relação às possibilidades do amor ("Não
sou capaz de amar mulher alguma, / Nem há mulher talvez capaz de
amar-me"), Augusto dos Anjos fez da obsessão com o próprio "eu" o centro do seu
pensamento. Não raro, o amor se converte em ódio, as coisas despertam nojo e
tudo é egoísmo e angústia em seu livro patético ("Ai! Um urubu pousou na
minha sorte"). A vida e suas facetas, para o poeta que aspira à morte e à
anulação de sua pessoa, reduzem-se a combinações de elementos químicos, forças
obscuras, fatalidades de leis físicas e biológicas, decomposições de moléculas.
Tal materialismo, longe de aplacar sua angústia, sedimentou-lhe o amargo
pessimismo ("Tome, doutor, essa tesoura e corte / Minha singularíssima
pessoa"). Ao asco de volúpia e à inapetência para o prazer contrapõe-se
porém um veemente desejo de conhecer outros mundos, outras plagas, onde a força
dos instintos não cerceie os vôos da alma ("Quero, arrancado das prisões
carnais, / Viver na luz dos astros imortais"). A métrica rígida, a
cadência musical, as aliterações e rimas preciosas dos versos fundiram-se ao
esdrúxulo vocabulário extraído da área científica para fazer do "Eu"
— desde 1919 constantemente reeditados como "Eu e outras poesias" —
um livro que sobrevive, antes de tudo, pelo rigor da forma. Com o tempo,
Augusto dos Anjos tornou-se um dos poetas mais lidos do país, sobrevivendo às
mutações da cultura e a seus diversos modismos como um fenômeno incomum de aceitação
popular. Vitimado pela pneumonia aos trinta anos de idade, morreu em Leopoldina
em 12 de novembro de 1914.
VERSOS ÍNTIMOS
Vês! Ninguém
assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à
lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo.
Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém
causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
BUDISMO MODERNO
Tome Dr. esta tesoura, e... corte
Minha singularíssima pessoa.
Que importa a mim que a bicharia roa
Todo o meu coração, depois da morte?!
Ah! Um urubu pousou na minha sorte!
Também, das diatomáceas da lagoa
A criptógama cápsula se esbroa
Ao contato de bronca destra forte!
Dissolva-se, portanto, minha vida
Igualmente a uma célula caída
Na aberração de um óvulo infecundo;
Mas o agregado abstrato das saudades
Fique batendo nas perpétuas grades
Do último verso que eu fizer no mundo!
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