A OPINIÃO DE GIOVANNI VESCOVI
(Vejamos o que tem a dizer o atual Campeão Brasileiro e conhecedor dos bastidores internacionais)
A decisão de Carlsen de não disputar o próximo Torneio de Candidatos causou surpresa, mas deve ter sido resultado de uma longa reflexão. Deixa de disputar um título mundial certamente não é um simples capricho. O que fica claro neste episódio é que o xadrez precisa de seus ídolos, e a fórmula atual de gestão sem considerar os interesses dos jogadores e dos fãs está chegando num ponto em que as pessoas começam a se rebelar. Regras claras, justas, transparência e uma estratégia boa e bem definida são condições indispensáveis para o sucesso de nossa arte.
Olhando do ponto de vista de Carlsen, imagino que ele tenha ficado chateado com o fato de ser a maior estrela do xadrez mundial e ter que passar por um sistema que é de certa forma injusto. Enquanto isso, ele continua a se preparar e melhorar seu jogo, e aguarda o momento em que seu jogo esteja ainda mais maduro. Ele é jovem, e a pressão de um campeonato mundial é diferente de um torneio internacional, por mais forte que seja.
Por fim, existe a sensação de que Carlsen, assim como Fischer e Kasparov, está destinado a voltar a colocar o xadrez na grande mídia. Mas para estar na grande mídia, os eventos precisam ser realizados em grandes centros como Nova York, Londres ou Paris. Tenho a impressão de que esse Torneio de Candidatos corre o risco de acabar sendo realizado em algum lugar no meio do nada, como Nalchik, Jermuk ou Elista. E isso seria desperdiçar a imagem e prestígio de Carlsen.
Acho que ele foi corajoso e faz bem esperar as coisas melhorarem. Giovanni
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