O título acima não tem qualquer referência cinematográfica, tipo “Chucky”, de o Brinquedo Assassino. Se você não sabe, “cão” é uma denominação muito usada aqui no Nordeste para se referir ao inominável, ao anjo decaído.
Pois bem, todo lugar tem um jogador de xadrez folclórico para chamar de seu. E João Pessoa não é exceção. Como você já deve estar desconfiando, a capital paraibana também foi agraciada com um, cuja simpática alcunha é “Boneco do Cão”...
Como? … Não, caro leitor, ele não tem qualquer afinidade com o coisa ruim. Muito pelo contrário. Boneco ganhou esse codinome porque cogita-se que nem o “cão” aguentaria jogar com ele!
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Estava acompanhando uma conversa em um grupo do Whats App, quando foi lançado um desafio: uma disputa presencial de xadrez blitz entre João Pessoa e Campina Grande. A especulação em torno de quais jogadores comporiam as equipes começou imediatamente. Nome vai, nome vem. Tentativas de cooptação. Avaliações mil sobre as chances de cada time. E quando parecia que o pessoal de Campina estava levando vantagem naquela discussão, alguém da equipe de Jampa lembrou:
- “Calma jovem, nós temos Boneco!”
A discussão parou. Só depois de uns dez minutos, um campinense perguntou:
- “Quem boba é Boneco?!”
Mais uma expressão comum nestas paragens: “boba da peste” ou, na sua forma reduzida, “boba”. É usada para denotar surpresa, espanto.
Outro integrante do time da Rainha da Borborema ficou nervoso por desconhecer a força daquela arma secreta, e tentou minimizar:
- “Azar de João Pessoa, que tem um boneco que não pensa e não se movimenta, enquanto Campina conta com humanos.”
- “Brinque não! Ele leva o jogo a sério”. Alertou um pessoense.
- “Eu estudei só para não perder para Boneco. Foi meu incentivo”. Completou outro.
- “É horrível perder para ele”. Testemunhou um terceiro. Disse que ele e os amigos criaram um lema, um ideal: “Que eu perca para qualquer um, só não para Boneco”.
- “Para você ter uma ideia...”
E contou que certo dia, Boneco recebeu a visita de um amigo para umas partidas de blitz. Lá pelas tantas, o amigo precisou dar uma saída, e pediu a ele para ensinar algumas regras básicas para sua filha, que o estava acompanhando. Valores das peças, como elas se movimentavam, algumas jogadas, etc.
Quando o amigo retornou, Boneco estava jogando uma partida no relógio com a menina... e pressionando:
“ - Joga, mizera!”
Moral da história: a Paraíba perdeu uma promissora enxadrista.
Grande Boneco! Podia ser encontrado todo domingo no final da tarde próximo ao antigo Melo Ferro jogando xadrez e claro com a sua frase preferida: "Joga mizera do cão!" rsrsrs
ResponderExcluirFabuloso e divertido. Mas quem é mesmo Boneco?
ResponderExcluirNossa! Parece aquelas histórias de antigamente que nos contavam antes de dormir e ninguém conseguia pregar o olho com medo do bicho papão kkkkkkk
ResponderExcluirQuem diria que "BONECO" seria celebrado aqui, que diga Rondinelle o seu maior pupilo, ou Antônio Dutra que junto com "CABELUDO" eram figuras certas naqueles encontros do Melo Ferro.
ResponderExcluirBoa época! Isso sim era xadrez raiz: sem engines, com muita pressão, gritaria e resenha nas tardes de domingo.
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