domingo, 12 de novembro de 2017

Sobre partidas imortais

 Por Rewbenio Frota
           
A última semana trouxe à luz uma das mais espetaculares partidas dos últimos anos, digna de figurar ao lado de disputas famosas como a 'Partida Imortal' ou a 'Partida Sempreviva', trata-se do duelo entre os GMs chineses Jinshi Bai (2553) e Liren Ding (2772), este último com as peças pretas.

Ding explorou o rei branco exposto no centro do tabuleiro e, com uma fantástica combinação iniciada com sacrifício de dama, levou todas as peças restantes a um ataque de desenlace triunfante. Os aficionados logo bradaram: a imortal chinesa!

A despeito de a partida acima realmente ser de grau superior, o epíteto “Imortal Chinesa” já foi atribuído a outra partida histórica para o xadrez chinês: Liu Wenzhe x Jan Hein Donner (Olimpíadas de Xadrez de 1978). Foi a primeira vez que a China mandou uma delegação para as olimpíadas e foi a primeira vitória de um mestre chinês (que à época ainda não tinha grandes mestres) sobre um GM ocidental. Há uma lenda, que pode ter contribuído para esse batismo, de que Donner teria dito após a partida, de modo anedótico “Agora eu serei o Kieseritzky da China”, em referência ao perdedor da ‘Partida Imortal’.

Ao longo dos anos, têm aparecido partidas belíssimas que recebem títulos locais de imortalidade. Assim, temos a ‘Imortal Brasileira’ – Caldas Viana x A. Silvestre Barros (Rio de Janeiro, 1900), a ‘Imortal Polonesa’ – Glucksberg x Miguel Najdorf (Varsóvia, 1929). Também há imortais por jogador: a ‘Imortal de Steinitz’ – Wilhelm Steinitz x Conde von Bardeleben (Hastings, 1895); imortais por tema, como a ‘Imortal do Zugzwang’ – Friedrich Saemisch x Aron Nimzowitsch (Copenhagen, 1923). Pode haver imortais por aberturas, por cor de peças etc. Cada jogador, por mais fraco que seja, guarda em seu coração sua partida própria inesquecível. As possibilidades são infindáveis.

Partidas brilhantes, como essas acima, ficam perenizadas na mente de aficionados e mestres. Independente do nome que lhes damos, permanecerão longos anos (ou séculos como a ‘Imortal’) a encantar gerações de enxadristas, para que jamais se esqueça que o xadrez nunca foi nem será um jogo qualquer!

3 comentários:

  1. E o Carlsen vai massacrando o chinês. Hoje tem mais ... Ver no site do chessbomb.

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  2. Além destas citadas acima temos outras imortais: Rotlewi 0x1 Rubinstein , Edward Lasker 1 x 0 Sir Thomas, além de D. Byrne 0 x 1 Fischer. Kasparov 1 x 0 Topalov (Pirc) é música pura!

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