sexta-feira, 26 de maio de 2017

A arma secreta de Fischer!

Por FERNANDO MELO

Fischer acaba de tomar o peão de h6 com seu cavalo (veja a posição no diagrama),
 e fica esperando a resposta do adversário assim como vemos na foto, tomando água,,bem relaxado.


O II Torneio Cidade de Buenos Aires foi realizado entre os dias 19 de julho a 15 de agosto de 1970, contando com 18 participantes de vários países. Esse evento teve algumas dificuldades preliminares e algumas tinham a ver com Bobby Fischer, que sem dúvida era o jogador mais procurado para torneios naquela época. Os entendimentos com os dirigentes e Fischer demoraram, além de outros preparativos. O fato é quando o torneio começou Fischer não estava lá. Só chegou horas antes da terceira rodada. O resultado foi uma série de mudanças na programação. e um extensão do torneio por vários dias. Mas com boa vontade de todos, tudo estava de aluma forma resolvido.


Quando Fischer começou a jogar ficou claro que ele ia dominar o torneio. Ganhar os seus dois primeiros jogos já o colocou em primeiro lugar, já que nenhum outro jogador tinha feito tão bem. Na verdade Fischer teve uma fantástica sequência de seis vitórias antes de surgir um empate com o veterano Najdorf. Então veio mais cinco vitórias seguidas e a pontuação de Bobby Fischer após 12 rodadas era de 11,5 - 0,5!  Assim era Fischer no início da década de 70, totalmente imbatível.

Mas vamos ao que me proponho apresentar no artigo de hoje, ou seja, a arma secreta que ele usava para tantas vitórias. Fischer sabia usar o tempo como poucos. Não me refiro ao tempo do relógio, mas das jogadas no desenvolvimento das partidas. No inicio do meio jogo, após os lances da abertura, seja ela qual fosse, lá estava ele com dois, três tempos na frente do adversário. 

Foi assim nesse torneio de Buenos Aires, diante do romeno Florin Gheorghiu, na terceira rodada. Vejamos a partida, lance a lance, e sentirmos como ele vai conquistando espaço no tabuleiro.

Fischer - Gheorghiu
Abertura Petrov (C42)
1.e4 e5 2.Cf3 Cf6 3.Ce5 d6 4.Cf3 Ce4 5.d4 Be7 6.Bd3 Cf6 7.h3 0-0 8.0-0 Te8 9.c4! ("Este é o movimento chave que inicia o sofrimento das negras. Pouco a pouco, todas as portas são fechadas para Gheorghiu, ficando sob uma resistência passiva entre sua própria parede de peões.") Cc6 10.Cc3 h6 11.Te1 Bf8 12.Te8 De8 13.Bf4 Bd7 14.Dd2 Dc8 15.d5 Cb4 16.Ce4 Ce4 17.Be4 Ca6 18.Cd4 Cc5 19.Bc2 a5 20.Te1 Dd7 21.Te3 b6 22.Tg3 Rh8 23.Cf3 De7 24.Dd4 Df6 25.Df6 gf 26.Cd4 Te8 27.Te3 Tb8 28.b3 b5 29.cb Bb5 30.Cf5 Bd7 31.Ch6 Tb4 32.Tg3 Bh6 33.Bh6 Ce4 34.Bg7+ Re7  35.f3 (1-0) Para Gligoric, Fischer sabia agir como poucos o uso dos tempos, sendo isso sua arma secreta. Essa partida é um bom exemplo para o leitor aprender.

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