Recebemos e-mail do Promotor de Justiça, e motivado enxadrista, Alexandre César Teixeira (foto), contendo uma análise crítica de sua autoria sobre a carência de jogadores sul-americanos no rol dos melhores jogadores do mundo. Pela relevância do tema, contamos com a permissão de Alexandre para compartilhar com nossos leitores a sua oportuna reflexão, agradecendo-o pelo envio da matéria. Eis o texto:
"Fernando,
amigo, quando saiu a lista da FIDE dos 100 (cem) enxadristas mais fortes do
mundo (outubro de 2013), tive a curiosidade de saber quantos sul-americanos
nela constavam. Para minha surpresa, infelizmente só 2 (dois) apareciam no
célebre elenco: o peruano Julio Granda Zúñiga (82) e o venezuelano Eduardo
Iturrizaga (92). E mais: os dois não estavam entre os 50 (cinquenta) melhores
jogadores de xadrez da atualidade, considerado o rating FIDE. Júlio Granda
Zúñiga tem uma particularidade: dizem que foi o campeão nacional absoluto mais
jovem de todos os tempos e de todas as modalidades esportivas (campeão nacional
aos 6 anos de idade).
Interessante
observar, ainda, que a lista conta com mais de 15 russos e mais de 5 chineses. E
Israel, por exemplo, que não tem tradição no xadrez, tem 4 jogadores figurando
na lista da FIDE, embora nenhum seja natural daquele país.
Onde
estão os brasileiros e os argentinos? Deus é brasileiro, e o Papa é argentino! Mas,
mesmo assim, nada de sair um campeão mundial de xadrez desses países. Não
temos, hoje em dia, um único nome entre os cem melhores jogadores de xadrez! A
Argentina ainda conta, pelo menos, com uma jogadora, no rating feminino da FIDE,
entre as cem mais fortes do momento: Carolina Lujan (83). E o Brasil nada! Não se pode esquecer, e é bom registrar, que
Mequinho foi o 3º melhor do mundo em 1977, e Rafael Leitão foi campeão mundial
sub-8, sub-12 e sub-18. É lamentável, porque esses dois países já tiveram jogadores
entre os melhores do mundo, brigando fortemente com asiáticos, americanos e
europeus. Na lista dos países, todavia, o Brasil está na 28ª colocação, e a
Argentina, na 30ª colocação, com liderança da Rússia.
A
verdade é que não dispomos de uma política estatal para o engrandecimento do
xadrez no Brasil, e os nossos excelentes jogadores sequer têm forte apoio
financeiro para uma preparação adequada visando aos melhores torneios do
planeta, os quais normalmente são na Europa.
Um
abraço.
Alexandre
César"
Interessante a analise do amigo Alexandre César. Enquanto não houver um apoio estatal e um incentivo as empresas patrocinadoras, dificilmente estaremos entre os tops 100 FIDE. Os nossos mestres ainda necessitam correr atrás do pão no dia a dia.
ResponderExcluirHá algo a se pontuar na análise. É muito mais fácil pra um jogador do centrão do mundo - ou ao menos que mora por lá - figurar numa lista desse tipo. Quando Zuniga ou Leitão jogam torneios na América do Sul, periferia do xadrez de elite, empates e derrotas rebaixam seu rating de maneira significativa.
ResponderExcluirImaginem eles jogando, desde a tenra idade, nos torneios top do planeta, com jogadores de igual envergadura (e, principalmente, de rating gorducho). Não tenho dúvidas que eles figurariam lá no topo, com muitos outros sulamericanos.