quarta-feira, 29 de abril de 2009

Xadrez numa tribo indigena



Xadrez muda a vida
em uma tribo indigena do Pará


O encontro de uma tribo indigena com o jogo de xadrez produziu um excelente resultado. Melhorou de maneira sensivel o rendimento das crianças na escola.
O xadrez acabou sendo adotado com entusiasmo pelos indios num experimento inédito, relatado em um programa especial do Sport TV, a cargo de Guilherme Roseguini e Júlio Bittencourt. É preciso mergulhar nos subterrâneos do Brasil para encontrá-los. São 300 quilometros de estrada da capital do Pará, Belém, até a pequena cidade de Capitão Poço. Depois, mais duas horas por trilha de terra. Aí basta cruzar o rio para visitar os protagonistas de uma experiência sem igual no país.
"Pronto, já chegamos", diz um indio. Estamos na Aldeia dos Tembé. Aqui vivem os índios que aprenderam um dos jogos mais antigos da humanidade e que souberam tirar dele lições para crianças e jovens. O xadrez aportou na tribo em 2008, pelas mãos do educador Mario Cardozo. Ele dá aulas do esporte em Belém, e percebeu que o jogo dos reis, inventado no século VI, poderia beneficiar também quem não frequenta as escolas convencionais.
"Os indigenas são alunos regulares da Secretaria de Educação. Eles não podem ir à escola, então a escola vem até eles. O xadrez foi feito pra todo mundo, para o branco, para o preto, para o índio, para todos", afirma o educador. No começo, nem a sombra da mangueira atraia os índios para os tabuleiros. "Eu pensei logo que era um jogo dificil, que eu não ia aprender", diz um índio. Mas foi neste improvável e deslumbrante cenário que o líder da aldeia, Kokoioxunti Tembé, percebeu que o jogo poderia transformar os jovens da tribo. "Os alunos que começaram a praticar o xadrez tiveram um desempenho melhor em sala de aula", afirma o Pajé. " A gente percebe que a concentração, o raciocínio lógico, se tornaram mais apurados, mais afinados. Porque eles passaram a manifestar mais interesse pelas matérias, matemática, biologia, química, física", conta o professor de educação física, Tancredo Carvalho de Almeida.
Hoje, praticamente, todos na tribo praticam xadrez. No bailado das 32 peças que se movimentam por 64 casas, a sorte não importa. Para jogar bem, é preciso utilizar intensamente o raciocínio lógico e estratégico e é desse processo que os educadores conseguem tirar proveito. "Nós estamos na terceira avaliação e vamos finalizar agora a quarta. A gente fez a soma de todas as médias de quinta a oitava, e a nossa média que era de 5.9 aumentou para 7.2", conta o professor Tancredo.
"Antes eu era afoito, queria acertar tudo chutando. Na matemática mesmo, eu era muito ruim, faço pensar mais um bocadinho. Agora me considero um bom aluno. E com certeza estou tirando boas notas", conta o estudante Rodrigo Tembé. (Jornal O Globo)

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