(Dedico este artigo ao Mestre Petrov Baltar)
Em 1960, aos 17 anos, Bobby Fischer já não era um estranho no ninho. Jogou torneios internacionais, participou de olimpíada e enfrentou os melhores jogadores daquela época. Revendo esses eventos, tomei um susto ao constatar a sua má campanha no torneio de Buenos Aires, no período de 23 de junho a 21 de julho. Com 20 jogadores, esse torneio teve como vencedor Victor Korchnoi, que somou 13 pontos, obtendo 9 vitórias, 2 derrotas e 8 empates. Em segundo lugar, Samuel Reshevsky, que também somou 13 pontos, com 8 vitórias, 1 derrota e 10 empates.
E Bobby Fischer? Amargou um distante 13º lugar, somando 8,5 pontos, com 3 vitórias, 5 derrotas e 11 empates. Um resultado totalmente inesperado, considerando que um mês atrás, na mesma Argentina, na cidade de Mar del Plata Fischer dividia com Boris Spassky o primeiro lugar com 13,5 pontos em 15 possíveis!
O que aconteceu? Tentei descobrir, busquei informações, mas tudo muito vago, pouco convincente. A impressão que me passa é que Fischer, apesar de ser um forte jogador, ainda buscava o conhecimento necessário para saber a hora certa de vencer. Digo isso, pelo que me foi possível estudar na partida em que ele perdeu para o MI Erich Eliskases, um austríaco naturalizado argentino de 41 anos, nesse torneio de Buenos Aires.
Até a quarta rodada, Fischer somava 2,5 pontos, com uma vitória e 3 empates. Veio então a 5ª rodada e ele jogou de negras contra Eliskases. O leitor pode ver a partida completa no Chessgames.com. Iremos mostrar a posição em que Fischer tinha um empate, mas forçou na busca da vitória e terminou perdendo.
Brancas: Rh1, Cc8, h3, g4, f4, b2 e a3
Negras: Rh7, Bd6, h6, g7, c4 e b6.
E nessa posição, Fischer jogou 41. ...Bc5. Este lance foi dado, no retorno da partida suspensa para o intervalo de 1h30 para o almoço. O lance secreto de Eliskases tinha sido 41.Cb8. Sabe-se que Fischer teria o empare jogando simplesmente 41. ...Bxf4 ou o mais sutil 41. ... Bxa3! recomendado por Mednis.
Esta derrota, pelo que me foi possível apurar, deve ter deixado Fischer abalado psicologicamente, pois suas partidas seguintes mostraram resultados bem abaixo do esperado. Vejamos:
Na 6ª partida, de brancas, Fischer empatou com Pachman em apenas 24 lances. Na 7ª e na 8ª, Fischer perdeu, empatou na 9ª e na 10ª, voltou a perder na 11ª e três empates seguintes. Só na 15ª é que consegui uma vitória. Voltou a empatar nas duas seguintes e na 18ª venceu, perdendo na última rodada para o seu compatriota Paul Benko.
Certamente, foi este o pior torneio de Bobby Fischer. Mas no final desse ano, ele mostrava ao mundo que era um jogador de muita força ao vencer com facilidade mais uma versão do Campeonato dos Estados Unidos, com 2 pontos na frente do segundo colocado e sem sofrer nenhuma derrota.
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