quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Grandes esperanças!

Por FERNANDO MELO
(Dedico este artigo ao Mestre Paulo Melo*)




De relance, logo lembro do romancista inglês Charles Dickens. Mas não é sobre seu famoso romance que desejo falar. Na minha juventude, no tempo que eu era feliz e sabia, quando não existia televisão, lia-se muito. Eu lia muito Balzac. Mas li outros romancistas, lembrando Machado de Assis e Dostoievsky, que eu gostava muito. 

Quando me apaixonei pelo xadrez, foi numa época romântica do sistema descritivo, das partidas suspensas. Na prática, não havia torneio por aqui. Jogava-se nos fins de tarde na sede central do Esporte Clube Cabo Branco, um clube da elite. Isso pelo idos da década de 50. Ser sócio do Cabo Branco era ser chique, principalmente nos bailes! Mas na sala de xadrez não havia muito disso, tanto que eu, que não era chique, costumava peruar e eles deixavam.

Hoje temos outra realidade. O xadrez cresceu muito, não tanto como queremos, mas cresceu muito ao ponto de termos torneios do tipo do Memorial Bobby Fischer, um dos melhores do Brasil.

Olho para o futuro, sem saudades do passado e confiante no presente no que se refere ao xadrez. Temos muito o que fazer, e quando  digo temos é isso mesmo, todos nós. Uma andorinha só não faz verão. Mas elas unidas podem apagar incêndios em grandes florestas.

Estou otimista. Pena que estou um pouco na contra mão do tempo por conta da idade. Já começo a sentir seu peso, mas não posso desistir de algo que acredito. A vida é bela quando queremos que ela seja. Depende de cada um de nós. Já não tenho medo de mais nada, não tenho mais tempo para isso, porém ainda me assusto quando vejo amigos inteligentes, pessoas que podem tanto contribuir para o xadrez, perdendo tanto do seu tempo, com outras questões e limitando-se apenas a criticar e condenar de forma contundente e as vezes hostil. 

Mas é importante sabermos que o xadrez na Paraíba vive uma nova realidade, bem diferente como na década de 50 que acompanhei. Precisamos melhorar as condições para que o xadrez possa deslanchar e crescer mais e mais. Daí minha esperança, minha grande esperança de ter tempo de ver esse crescimento fluindo em todo o Estado da Paraíba.

* Paulo Melo é meu irmão nais velho e vive em Brasília há muito tempo. Foi vendo ele jogar com Ivo Bichara na casa de meus pais, nos idos de 1956, que tive meu primeiro contato com o xadrez.

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