(Dedico este artigo ao Mestre Antonio Resende)
Hoje é o aniversário de nascimento do Patriarca do xadrez mundial. Estou falando de Mikhail Botvinnik, que completa 106 anos. Ele nasceu exatamente no dia 17 de agosto de 1911 e veio a
Botvinnik (brancas) enfrenta Capablanca |
falecer no dia 5 de maio de 1995, aos 83 anos. Esse título de patriarca mundial é de minha responsabilidade, da mesma forma que considero Miguel Najdorf como o mais amado e Miguel Tal como o mais querido.
A história do xadrez soviético tem em seu nome o pilar mais firme. É forte, muito forte, bastante forte a intromissão do poder político do seu país, na época em que a poderosa União Soviética mandava e desmandava. Jogadores como Keres e Bronstein, por exemplo, foram "aconselhados" a não ganhar para Botvinnik, por este representar o poder do xadrez naquela república.
Como jogador e estudioso, Botvinnik tinha muitos méritos. Várias vezes campeão do mundo. Foi um dos pioneiros no uso do computador no jogo de xadrez. Foi professor dos 3 Ks (Karpov, Kasparov e Kramnik). Karpov que foi campeão do mundo em 1975 (Fischer não quis jogar), Kasparov foi campeão do mundo derrotando Karpov e Kramnik foi campeão do mundo derrotando Kasparov, e esses três sob o manto protetor do professor Botvinnik. Isso por si só basta para imortalizar Botvinnik.
Toda vez que lembro de Botvinnik, logo me chega à memória do seu único encontro com Bobby Fischer, ocorrido no dia 7 de outubro de 1962, na Olimpíada de Varna, Bulgária. Foi um embate histórico e que provocou muita polêmica nos bastidores do xadrez mundial. Dizem que Fischer chorou, protestando pelo fato de a partida ser adiada quando ele tinha posição ganhadora. Na época, Botvinnik era campeão do mundo e Fischer um rapaz de 19 anos.
Ao final da vida, esse famoso enxadrista, que também foi um renomado engenheiro elétrico, tendo recebido várias honras em ambas profissões, já não recebia os louros a que estava acostumado. Em 1976 ocorreu um fato que merece registro aqui. Os grandes mestres soviéticos de então foram convidados a assinar uma carta condenando Victor Korchnoi como um "traidor" depois que ele desertou. Botvinnik evitou esse pedido, dizendo que queria escrever sua própria carta condenando Korchnoi. Mas como seu prestigio já não era o mesmo, isso lhe foi negado e seu nome não apareceu na lista. Que se registre a atitude de Spassky e Bronstein, que se negaram a assinar.
Muito se pode dizer ainda sobre esse grande enxadrista, mas não quero me alongar. Tenho-o na conta dos 10 jogadores da minha lista preferida, encabeçada, evidentemente, por Bobby Fischer. E nessa lista, incluo com muito orgulho o brasileiro Dr. Luiz Tavares, o homem que me ensinou a amar o xadrez!
Obrigado Fernando!
ResponderExcluirBelo texto sobre Botvinnik personagem dos mais importantes do xadrez, não só pelo título mundial, mas por todo um trabalho de teoria e treinamento.
ResponderExcluirO lance 30-Ba3!! contra Capablanca (1938) é por muitos considerado o mais belo da história do xadrez:
http://www.chessgames.com/perl/chessgame?gid=1031957