segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Só pode ter sido Fischer!

Por FERNANDO MELO

O começo da minha partida com Barra: 1.f4!
Petrov Baltar diz que não, que fui eu mesmo que vi. Mas eu acho que foi Fischer que me mostrou. Bem, vou explicar tudo, tim-tim,por tim-tim. Na quarta rodada do Nordestão, na noite do sábado passado, joguei de brancas contra o carioca Francemir Barra de Oliveira, 64 anos. Foi uma partida tensa, difícil e em muitos momentos me sentia perdido.
Até que se chegou a seguinte posição:
Brancas: Rh1, Bf1, Ta1, Tf2, Ca4, Da5, h2, g2, c2, b2, a2 e e4.
Negras: Rb7, Dd7, Be7, Tg8, Tg7, Bg4, f7, a7, h4, e5, c6 e a7.



Barra pensou muito e jogou 27. ...Dd4. 

Olhei bem e vi que tinha atacado minha torre em f2 e meu peão em e4.

E agora José? O que é que faço da minha vida?! E aí, lembrei de Bobby Fischer. Evoquei o seu espírito e fiquei esperando. Os segundos, que pareciam horas, passavam e nada de Bobby! Por que me abandonas? De repente, um estalo! E que estalo! A sensação que eu tenho é que não tinha como descobrir o lance, por isso insisti com Petrov, que tinha sido Fischer.
Coisa nenhuma, Fernando! Disse ele. Foi você mesmo!
Sei não, fiquei calado, e teimei, falando com meus botões: Foi Fischer, sim senhor!
E a partida continuou assim:

28.Td2 Dxe4 e aí eu tive a certeza de que Fischer  mostrou a jogada decisiva: 29.Tad1!! 
Notem que o bispo negro não pode tomar a torre branca, sob ameça de mate. Na verdade, não vejo lance para as negras. O adversário insistiu, sacrificou a dama mais na frente e terminou abandonando depois.

No fundo, fica a velha lição: uma partida nunca está ganha, ou nunca está perdida, antes de terminar!

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