Acabou ontem a Copa
Sinquefield nos EUA com vitória
do super GM francês Maxime Vachier-Lagrave, impondo-se sobre
Carlsen e Anand, além de Wesley So e Sergey Karjakin. A Copa Sinquefield faz
parte do Gran Chess Tour, que se propõe a ser algo similar ao circuito de Grand
Slam do tênis, iniciativa das mais
promissoras para o nosso jogo, pois mantem competições de alto nível e alta premiação
que motivam os melhores do mundo a se manter em excelente forma o ano inteiro.
O mais estranho, porém, não
foi o vencedor da Copa (nessas competições onde só jogam monstros de quase 2800
ou mais, qualquer um pode ser o campeão), mas o fato de o “lanterninha” da
competição, ter sido justamente o GM Wesley So, atual campeão do Grand Chess
Tour e número 2 do mundo!
Recentemente, So ficou
invicto em torneios de elite por 67 partidas, o que lhe trouxe inúmeros títulos
importantes, praticamente consecutivos: Copa
Sinquefield 2016, medalha de ouro (individual e por equipes)
nas Olimpíadas
de xadrez 2016, London
Chess Classic 2016, Wijk
aan Zee 2017 e Campeonato
dos EUA 2017.
Porém, quando parece ser a
principal força a desafiar o reinado de Magnus Carlsen, ele começa a desacelerar.
Perdeu a primeira partida em meses no Memorial
Gashimov (acabou em 2º-3º) em abril, empatou todas as partidas no
torneio Altibox
Norway (acabou em 4º-6º) em junho e, agora, foi o último na
Copa Sinquefield.
Para mim, a partida que
melhor ilustra as dificuldades pelas quais que Wesley So vem passando para
administrar seu jogo foi na quinta
rodada, contra o próprio campeão mundial. Jogando de brancas,
ele se atrapalhou numa sequência de cinco lances e, sem razão, permitiu a
entrada de poderosa torre na segunda fila (ainda perdendo um peão). Sucumbiu poucas jogadas depois, quando ficou
claro que, ao jogar 19. Bf4?, havia omitido a simples resposta de Carlsen: 23.
... De2.
O que pode estar
acontecendo? Wesley teria esgotado seu repertório de aberturas?, Teria sido
“mapeado” por seus astutos adversários no topo mundial? Está escondendo o jogo
para a Copa
do Mundo que se aproxima? Ou estaria passando por outro momento
pessoal difícil (lembremos que há
dois anos ele passou por situações pessoais que afetaram muito
seus resultados, tendo até mesmo perdido uma partida por anotar frases motivacionais
durante uma partida)?
No esporte, todas as
competições individuais são, fundamentalmente, batalhas mentais, onde a
confiança e o ego contam muito. No xadrez, que é por excelência um esporte
mental, esses fatores são ainda mais importantes.
Quero crer que não seja nada
além de uma oscilação, uma fase de rearranjo das ideias sobre seu jogo. Na
elite, essas etapas de maré baixa são amplificadas, pois os adversários são
capazes de aproveitar até mesmo as menores imprecisões para abocanhar o ponto
inteiro. Espero que seja apenas uma rápida fase de ajustes, que volte a
apresentar um xadrez mais combativo, criativo e preciso.
Para tanto, como ficou claro
no caso da planilha, será preciso aprender a administrar as inevitáveis
excentricidades que alguns GMs de alto nível acabam demonstrando, às vezes
danosas ao desempenho. Ultimamente, por exemplo, Wesley tem usado óculos de sol
durante as partidas (teria aprendido com Korchnoi?).
Se pudesse dar um conselho ao GM, daria somente este: tire esses óculos Wesley!
Desistiu do Lances Quase Inocentes?
ResponderExcluirBacana o texto.
ResponderExcluirTodo mundo pode errar ele é um ser humano também
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