Faz tempo, tempo em que Boris Spassky era jovem, muito jovem, bastante jovem! Contava apenas 21 anos. E lá se foi ele em prantos, chorando muito, andando sem destino pela ruas de Riga. Dramaticidade à parte, o que foi que aconteceu com o então futuro campeão do mundo?
No Campeonato Soviético de 1958, a FIDE havia reduzido para quatro o número máximo de vagas por país para o Interzonal de Portoroz, de onde sairiam os candidatos a desafiante do campeão do mundo - decisão que afetava por sinal um só país: a URSS.
"Spassky precisava de um empate para disputar a quarta vaga soviética, ou seja, não podia perder, mas não precisava, necessariamente, ganhar. Ele enfrentaria Miguel Tahl. Um situação relativamente confortável, pois Tahl já estava classificado para o Interzonal - mesmo se perdesse a partida, iria para Portoroz. No entanto, é verdade, se Tahl quisesse garantir o bi-campeonato soviético sem depender do resultado dos outros jogadores, precisava ganhar. Para isso, o empate não lhe servia.
Spassky esteve em vantagem durante quase toda a partida - uma longa batalha que durou 73 movimentos, ou seja, 146 jogadas. Após o adiamento, Spassky conseguiu uma posição francamente ganhadora - e jogou a vitória pela janela na 62ª jogada. Tahl igualou o jogo e propôs o empate. Spassky recusou e perdeu, depois de uma trinca de erros. Mais importante do que a derrota, para entendermos Spassky, foi sua reação, depois contada por ele mesmo:
Levantou-se da mesa chorando e assim percorreu, por horas e sem destino, as ruas de Riga, onde se realizou o Campeonato da URSS de 1958"
(Misérias e Glórias do Xadrez 9, por Carlos Batista Lopes)
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